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ORIENTE MÉDIO
Primeira mulher executada por traição é morta por Brigadas dos Mártires de Al Aqsa em praça na Cisjordânia
Milícia mata mulher que teria ajudado Israel
DA REDAÇÃO
O grupo extremista Brigadas
dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao
Fatah (grupo político de Iasser
Arafat), executou no sábado em
uma praça de Tulkarem, na Cisjordânia, uma mulher acusada de
colaborar com Israel na morte de
um líder local da milícia palestina.
Ikhlas Khouli, 35, que recebeu
tiros na cabeça e no peito, foi a
primeira mulher a ser morta sob
esse tipo de acusação no levante
palestino contra Israel.
A história confusa que culminou com a morte de Ikhlas Khouli
começou na sexta-feira quando
seu filho, Bakir, 17, foi detido por
militantes das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa. Eles queriam vingar o líder local do grupo, Ziad
Daas, morto por soldados israelenses no início deste mês.
Bakir acusa os palestinos de tê-lo torturado durante cerca de
uma hora, ao final da qual ele teria
inventado o envolvimento de sua
mãe com a morte de Ziad Daas.
Então, Ikhlas foi retirada de sua
casa pelos militantes e levada a
um prédio abandonado, onde filmaram sua confissão. Ela teria admitido ter pedido ajuda ao filho
para obter informações sobre os
movimentos de Ziad Daas.
"Eles me acusaram de ajudar a
inteligência israelense", disse Bakir ontem, no dia seguinte à execução de Ikhlas. "Quando começaram a me bater com um fio elétrico, eu confessei e inventei uma
história." Para reforçar sua tese,
ele levanta a camiseta e mostra
marcas azuis e pretas, causadas,
segundo ele, pelos fios.
Um líder da milícia disse que o
grupo foi forçado a "golpear com
mão de ferro" para impedir que
continuem a ocorrer colaborações com Israel. Disse também
que a tortura "é a única forma de
obter confissões de pessoas que
traem seu povo".
Dezenas de acusados de colaborar com Israel foram mortos por
militantes, seus corpos às vezes
mutilados, desde o início da atual
Intifada, em setembro de 2000.
Um porta-voz do grupo israelense de direitos humanos Btselem disse que o assassinato em
Tulkarem é uma "clara violação
dos direitos humanos".
"Se é verdade que ela era colaboradora, as forças israelenses
que a recrutaram têm uma grande
responsabilidade pelo que aconteceu", afirmou o porta-voz.
Saques
A Rádio Israel transmitiu uma
reportagem ontem afirmando
que o saque de bens de palestinos
por soldados israelenses é mais
comum do que se imagina.
O tenente-coronel Ilan Katz,
responsável por investigar crimes
cometidos por militares, disse à
rádio, após a reportagem, que sete
soldados foram condenados por
saques e outros cinco foram indiciados e aguardam julgamento.
O escritório do porta-voz do
Exército de Israel disse que 35 relatos de saques estão sendo investigados. "Danny", um soldado recentemente dispensado e entrevistado sob outro nome, disse à
Rádio Israel que militares israelenses roubaram casas palestinas
durante uma operação de ocupação da Cisjordânia ocorrida no
primeiro semestre e que durou
cerca de seis semanas. Durante a
ação, várias casas palestinas foram vasculhadas.
"Durante cada busca, o chefe da
família tinha que acompanhar os
soldados a todos os quartos. O
que fazíamos era levá-lo a um
quarto enquanto soldados revistavam outro e pegavam coisas enquanto ele estava fora da vista",
disse. "No caso de oficiais no comando, alguns sabiam disso e alguns estavam envolvidos. No caso
de líderes de pelotão, todos sabiam e estavam envolvidos."
Após a transmissão da reportagem, alguns políticos israelenses
pediram a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito
para investigar os saques.
Acordo interrompido
Ontem, autoridades israelenses
disseram que o acordo que previa
a retirada gradual de tropas israelenses de cidades palestinas em
troca de garantias de segurança
não poderá prosseguir, a menos
que os palestinos se esforcem
mais para impedir os ataques.
Os palestinos insistem em que
Israel não tem intenção de abrandar as restrições que confinaram
milhares de moradores da Cisjordânia a suas casas nos últimos
dois meses.
Com agências internacionais
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