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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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ÁSIA

Táxis-bombas explodem no principal ponto turístico da cidade e em mercado; suspeita recai sobre extremistas islâmicos

Terror mata ao menos 46 em Bombaim

Kamaknya Chaudhary/Reuters
Feridos aguardam socorro médico após atentado a bomba ontem diante do Portão da Índia, principal atração turística de Bombaim


DA REDAÇÃO

Dois carros-bombas explodiram ontem em Bombaim, a "capital financeira" da Índia, matando pelo menos 46 pessoas e ferindo cerca de 140. Os atentados atingiram um mercado de jóias lotado e, minutos depois, o principal ponto turístico da cidade, o Portão da Índia.
A polícia disse suspeitar de uma ação conjunta do Movimento Islâmico dos Estudantes da Índia (ilegal desde 2001) e do Lashkar-e-Tayyaba, o mais temido dos cerca de 12 grupos islâmicos supostamente baseados no Paquistão e que lutam pela independência da Caxemira.
"Há muitos grupos islâmicos por aí, sem falar no país inimigo", disse o comissário de polícia Ranjit Sharma, referindo-se ao Paquistão, inimigo nº 1 da Índia.
"Deploramos esses ataques e enviamos condolências às vítimas e suas famílias", disse o porta-voz da Chancelaria paquistanesa, Masook Khan.
Já autoridades do governo indiano evitaram relacionar o Paquistão aos atentados. No ano passado, Índia e Paquistão quase entraram em guerra, pela quarta vez, após um ataque de extremistas islâmicos contra o Parlamento indiano em dezembro de 2001. Mas, nos últimos meses, vivem um clima de distensão, embora não haja avanços significativos na solução de suas disputas.
A polícia encontrou detonadores de explosivos num trilho de trem perto de Bombaim -chamada na Índia de Mombai- e suspeita que tivessem como alvo um trem com peregrinos hindus.
Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade pelas explosões de ontem, ocorridas horas depois da divulgação de um relatório arqueológico sobre um importante local religioso no norte da Índia, sagrado tanto por hindus quanto por muçulmanos. No passado, a disputa já motivou atentados.
As bombas estavam escondidas em dois táxis. A primeira explodiu por volta das 13h locais (4h30 em Brasília) e a segunda cerca de cinco minutos depois.
O Portão da Índia, construído pelos colonizadores britânicos para comemorar a visita do rei George 5º à Índia em 1911, é a principal atração turística da cidade. Na hora do almoço, é frequentado por todas as comunidades religiosas.
Sushil Kumar Shinde, governador de Maharashtra, Estado onde Bombaim está localizada, disse que as explosões objetivavam comprometer a economia do centro financeiro e econômico da Índia. "As explosões são um desafio à resistência da cidade", afirmou.
Nos últimos meses, Bombaim tem sido palco de diversos atentados. Em dezembro passado, três pessoas morreram na explosão de uma bomba num ônibus. Em março, 12 morreram num ataque a um trem urbano e, em julho, mais dois morreram.
Em 1993, mais de 250 pessoas morreram e mil ficaram feridas numa série de atentados a bomba em Bombaim, também atribuída a militantes islâmicos. Na ocasião, a polícia disse que os atentados seriam uma retaliação à destruição por hindus de uma mesquita do século 16 em Ayodhya, no ano anterior (1992).
Em 2002, um ataque a hindus que erguiam um templo no local da mesquita destruída desencadeou perseguições contra muçulmanos no Estado de Gujarat, matando mais de mil pessoas.
Alguns hindus sustentam que a mesquita havia sido construída sobre as ruínas de um antigo templo hindu que marcava o local de nascimento de Rama, o principal Deus hindu. Ontem, arqueólogos do governo divulgaram um relatório que indica a existência de uma estrutura antiga no local em disputa, o que poderia, em princípio, corroborar a tese hindu.

Com agências internacionais

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