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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Meta é transferir tarefas; mortes já igualam as da guerra

EUA planejam treinar iraquianos em base húngara

DA REDAÇÃO

Os EUA planejam enviar 28 mil iraquianos para um programa intensivo de treinamento numa base militar na Hungria. O objetivo é ter mais iraquianos encarregados da segurança em seu país.
A intenção vem a público no mesmo dia em que, segundo a agência Associated Press, o número de americanos mortos no Iraque desde o final dos principais combates, em 1º de maio, igualou ao do período anterior.
Entre o início da Guerra do Iraque, em 20 de março, e o término dos principais combates, 138 americanos morreram. Ontem, com o anúncio de mais uma morte, o número desde 1º de maio também chegou a 138, entre baixas em ações hostis e em acidentes, pela conta da Associated Press. As vítimas em batalha no segundo período já são 65.
Segundo Bernard Kerik, o ministro do Interior iraquiano nomeado pelos EUA, o programa de treinamento já teria recebido o aval da Hungria. Um porta-voz da chancelaria húngara, porém, negou isso, mas disse que o país está aberto a estudar a possibilidade.
Kerik disse que a medida é necessária porque as academias de polícia no Iraque não comportam o treinamento de tantos homens.
Os EUA têm feito pressão para que iraquianos assumam mais tarefas de segurança, diante da cobrança interna que o governo de George W. Bush sofre com o acúmulo de baixas americanas.
"Nós queremos repassar a segurança do país aos iraquianos", disse Kerik. "Esse [o treinamento no exterior] é o único jeito de fazer isso rapidamente", avaliou.
O programa de preparação, conduzido por americanos, duraria oito semanas e seria na base aérea húngara de Taszar. O treinamento de voluntários iraquianos que participaram do início da guerra já foi feito na Hungria.
Após voltar da preparação, os homens ainda teriam um período de quatro a seis meses de instrução no Iraque. A expectativa de Kerik é iniciar em 120 dias o treinamento na Hungria de um primeiro grupo de 1.500 iraquianos.
Em 18 meses, 28 mil estariam prontos para trabalhar, o que elevaria o total de iraquianos nas forças de segurança para 65 mil -a cifra considerada ideal pelos EUA para patrulhar todo o Iraque.
Outra medida prevista para breve é a chegada de um carregamento de 50 mil pistolas, já que faltam armas entre os policiais iraquianos. Mais 100 mil deverão ser enviadas em 2004. Há ainda o plano de formar uma força civil de segurança com 14 mil homens.
O Departamento de Estado dos EUA informou que, além da Hungria, discute com outros países sobre a realização de treinamentos.
A preocupação com a situação no Iraque também aumentou entre as organizações humanitárias depois do atentado à sede da ONU em Bagdá. A Cruz Vermelha decidiu reduzir sua equipe na capital iraquiana. Já a Liga Árabe marcou para o próximo mês sua primeira reunião desde o final dos principais combates no Iraque.

Protestos
Duas grandes manifestações de muçulmanos xiitas aconteceram ontem, em Bagdá e em Najaf.
Na capital iraquiana, milhares protestaram, em frente ao QG da coalizão liderada pelos EUA, contra a morte de três pessoas no bombardeio anteontem da casa de um clérigo xiita em Najaf.
Os manifestantes seguiram para a sede em Bagdá da União Patriótica do Curdistão e protestaram contra a morte de 11 pessoas em conflitos entre curdos e turcos em Tuz Kharmato e em Kirkuk, na última sexta-feira e no sábado.
Em Najaf, cerca de 2.000 xiitas também se manifestaram durante o funeral dos três mortos no bombardeio da casa do tio do líder do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica. Alguns partidários do grupo, que é acusado de cooperar com os EUA, culpam um clérigo rival pelo ataque.
Em Tikrit, a cidade natal de Saddam Hussein, os EUA divulgaram a prisão de dois membros da milícia Fedayin, leal ao ex-ditador.


Com agências internacionais e "The New York Times"

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