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ANÁLISE
Nova estratégia explica medida
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
A intenção dos EUA de treinar
forças iraquianas na Hungria se
insere no quadro mais amplo da
nova estratégia de segurança nacional americana, concebida em
resposta ao 11 de Setembro.
Seus principais objetivos são
responder à ameaça difusa representada pelas redes terroristas e
assegurar a mobilidade das tropas, facilitando, se necessário, a
realização de ataques preventivos
com efetivos menos numerosos,
mas apoiados em alta tecnologia.
Com isso, a presença militar dos
EUA em locais que eram cruciais
na Guerra Fria vem sendo reduzida. Países como a Alemanha, que
era vital nos tempos da confrontação bipolar, pois era dividida
em duas partes, a Turquia e a Arábia Saudita, aliadas dos EUA no
Oriente Médio, vêm perdendo
importância para os americanos.
Esse fenômeno de deslocamento das forças militares para novas
regiões, como a "nova Europa"
-conforme o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld,
definiu o Leste Europeu-, a Ásia
central e a meridional ou ainda a
África, visa monitorar regimes
suspeitos de fomentar o terrorismo e proteger locais próximos a
grandes reservas de petróleo.
Assim, uma dramática alteração na estratégia militar americana relacionada à Europa ocorre
desde o final da Guerra do Iraque,
com a mudança de forças dos
EUA de bases na Alemanha para
outras na "nova Europa", incluindo a Bulgária, a Polônia e a Hungria. Vale lembrar que a Alemanha era contrária à guerra.
Todavia especialistas suspeitam
que essa mudança de estratégia
possa ter como razão o fato de que
alguns dos aliados tradicionais
dos EUA, como Paris e Berlim, se
tornaram mais refratários à sua
política externa desde que "falcões" como Rumsfeld passaram a
ditar as regras em Washington.
Ademais, dois aspectos são importantes. Primeiro, o Leste Europeu pertencia à esfera de influência soviética na Guerra Fria, sendo
relevante para os EUA assegurar
que a Rússia, ainda instável e potencialmente ameaçadora, continue a perder prestígio na região.
Segundo, a maioria da "nova
Europa" passará a fazer parte da
"velha Europa" em maio de 2004,
quando vários Estados da região
entrarão na União Européia. Ora,
se perde influência sobre o oeste
do continente, Washington quer
garantir sua ascendência sobre os
novos países-membros do bloco.
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