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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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ANÁLISE

Nova estratégia explica medida

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

A intenção dos EUA de treinar forças iraquianas na Hungria se insere no quadro mais amplo da nova estratégia de segurança nacional americana, concebida em resposta ao 11 de Setembro.
Seus principais objetivos são responder à ameaça difusa representada pelas redes terroristas e assegurar a mobilidade das tropas, facilitando, se necessário, a realização de ataques preventivos com efetivos menos numerosos, mas apoiados em alta tecnologia.
Com isso, a presença militar dos EUA em locais que eram cruciais na Guerra Fria vem sendo reduzida. Países como a Alemanha, que era vital nos tempos da confrontação bipolar, pois era dividida em duas partes, a Turquia e a Arábia Saudita, aliadas dos EUA no Oriente Médio, vêm perdendo importância para os americanos.
Esse fenômeno de deslocamento das forças militares para novas regiões, como a "nova Europa" -conforme o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, definiu o Leste Europeu-, a Ásia central e a meridional ou ainda a África, visa monitorar regimes suspeitos de fomentar o terrorismo e proteger locais próximos a grandes reservas de petróleo.
Assim, uma dramática alteração na estratégia militar americana relacionada à Europa ocorre desde o final da Guerra do Iraque, com a mudança de forças dos EUA de bases na Alemanha para outras na "nova Europa", incluindo a Bulgária, a Polônia e a Hungria. Vale lembrar que a Alemanha era contrária à guerra.
Todavia especialistas suspeitam que essa mudança de estratégia possa ter como razão o fato de que alguns dos aliados tradicionais dos EUA, como Paris e Berlim, se tornaram mais refratários à sua política externa desde que "falcões" como Rumsfeld passaram a ditar as regras em Washington.
Ademais, dois aspectos são importantes. Primeiro, o Leste Europeu pertencia à esfera de influência soviética na Guerra Fria, sendo relevante para os EUA assegurar que a Rússia, ainda instável e potencialmente ameaçadora, continue a perder prestígio na região.
Segundo, a maioria da "nova Europa" passará a fazer parte da "velha Europa" em maio de 2004, quando vários Estados da região entrarão na União Européia. Ora, se perde influência sobre o oeste do continente, Washington quer garantir sua ascendência sobre os novos países-membros do bloco.


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