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GUERRA DE VOTOS
Para democrata, secretário da Defesa dos EUA falhou em seu dever de evitar maus-tratos em Abu Ghraib
Kerry pede que Rumsfeld saia do governo
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
A cinco dias da convenção do
Partido Republicano, em Nova
York, o candidato democrata à
eleição americana, John Kerry,
pediu ontem a cabeça do secretário de Defesa dos EUA, Donald
Rumsfeld, e intensificou os ataques contra seu adversário, o presidente George W. Bush.
Munido dos resultados das investigações independentes sobre
os casos de maus-tratos na prisão
de Abu Ghraib, no Iraque, e de
uma carta de apoio de dez economistas vencedores do Prêmio Nobel, Kerry criticou Bush nos dois
principais pilares dessa eleição: a
segurança e a economia.
"Os americanos querem a verdade e punições. Estamos falando
aqui de liderança e de apontar responsáveis", disse Kerry, em referência ao relatório sobre Abu
Ghraib, divulgado um dia antes,
que relatou "falha na cadeia de comando civil" dos EUA.
Além de pedir a demissão de
Rumsfeld por "falhar no que ele
deveria ter feito", Kerry afirmou,
sem citar Bush, que o escândalo
de Abu Ghraib fazia "parte do fracasso" que envolveu "cálculos e
previsões erradas" no Iraque.
Em maio, Kerry já havia pedido
a renúncia de Rumsfeld. Na ocasião, Bush afirmou que seu secretário vinha desempenhando sua
função de maneira "soberba".
Pressão sobre subordinados
Um novo relatório sobre os
maus-tratos em Abu Ghraib foi
divulgado ontem. A investigação,
feita por militares, revelou que pelo menos 23 integrantes do serviço de inteligência militar dos EUA
e quatro pessoas contratadas por
empresas trabalhando com eles
"requisitaram, encorajaram ou
solicitaram que se cometessem
abusos" contra prisioneiros.
Essas 27 pessoas foram citadas
pelo general de duas estrelas
George Fay, um dos líderes da investigação. Fay responsabilizou
pelo ocorrido o general de três estrelas Ricardo Sánchez, ex-chefe
de operações militares no Iraque.
O general Paul Kern, encarregado da comissão que investigou a
participação de militares da inteligência nos maus-tratos, disse que
"Sánchez pressionou muito seus
subordinados para que conseguissem rapidamente informações sobre um inimigo sem rosto
que atacava os americanos".
Kerry promoveu um contra-ataque intenso contra um grupo
de veteranos de guerra que o vem
acusando, em anúncios na TV, de
mentir sobre sua atuação, considerada heróica, no Vietnã. Um
dos principais advogados da campanha de Bush pediu demissão
ontem após revelar-se que teve
relações esses veteranos.
Na seqüência, o democrata despachou dois veteranos ligados à
sua campanha, um deles em cadeira de rodas, ao rancho de Bush
no Texas para pressionar o presidente a condenar os anúncios na
TV. Bush ignorou o pedido.
Na Filadélfia, Kerry acusou
Bush de criar empregos que ""não
geram salários suficientes para
pagar contas e manter filhos na
universidade". O democrata também apresentou carta assinada
por dez vencedores do Nobel de
Economia que acusa Bush de
"embarcar num curso irresponsável que ameaça a saúde econômica dos EUA no longo prazo".
Kerry também obteve o apoio
de uma série de estrelas de Hollywood, entre elas Matt Damon e
Martin Sheen, que vão participar
de anúncios de campanha produzidos pela organização MoveOn
-a mesma que está organizando
uma turnê pró-Kerry liderada pelo cantor Bruce Springsteen.
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