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TRAGÉDIA
Dois Tupolev de passageiros caíram terça à noite com intervalo de 3 minutos; morreram 89, e ex-KGB investiga
Rússia ignora se terrorismo abateu aviões
DA REDAÇÃO
A Rússia deu ontem informações desencontradas -existência
ou não de terrorismo- sobre as
circunstâncias de dois acidentes
aéreos ocorridos com uma diferença de três minutos, na noite de
terça-feira. Neles morreram 89
passageiros e tripulantes. As vítimas eram russas, com a exceção
de dois cidadãos israelenses.
Um Tupolev-154, que voava entre Moscou e Sochi, no mar Negro, caiu às 22h59, hora local
(15h59, em Brasília), matando 46
pessoas. O segundo aparelho, um
Tupolev-134, ligava Moscou a
Volgogrado. Ele caiu às 22h56 e
transportava 45.
Três indícios desmentiam a tese
de atentados terroristas. O primeiro veio de Londres, onde um
representante dos separatistas da
Tchetchênia -que têm atingido
alvos civis russos- negou à Reuters vínculos com os acidentes.
Akhmed Zakayev, porta-voz do
líder separatista Aslan Maskhadov, afirmou que "em absoluto"
seu grupo não havia provocado a
queda dos aviões de passageiros.
E ainda: a France Presse cita um
responsável do FSB, ex-KGB, o
serviço russo de inteligência, para
quem um exame sumário dos
destroços do TU-154 e do TU-134
indica que não ocorreram explosões capazes de derrubá-los.
O terceiro indício foi dado pela
Associated Press. A agência transcreve o relato de um outro responsável do FSB, para quem os
investigadores verificavam se os
aviões sofreram os efeitos de
combustível adulterado ou de
baixa qualidade.
Tanto o vôo 1047, da Sibir Airlines, quanto o 1303, da Volga
Aviaexpress, partiram do mesmo
aeroporto, de Domodedovo, utilizado para vôos regionais.
Mas a hipótese de atentado terrorista era sustentada por um indício eloqüente: o TU-154 que se
dirigia a Sochi emitiu para a torre
de controle um sinal de alarme,
utilizado em caso de seqüestro.
Isso levou um tribunal de Rostov, cidade perto da qual o avião
se acidentou, a abrir um processo
criminal por "delito contra a segurança dos transportes".
Um porta-voz credenciado pelo
FSB para falar sobre o caso, Sergei
Ignatchenko, disse a uma emissora de TV que "a hipótese de terrorismo não estava descartada",
embora até ontem à noite as autoridades não tivessem nenhuma
pista que a reforçasse.
Um outro dirigente do FSB disse que os locais dos dois acidentes, distantes cerca de 800 km, estavam castigados na terça à noite
por fortes tempestades, razão pela
qual não se afasta a possibilidade
do fator meteorológico.
Os dois aviões acidentados estavam em dia com suas revisões técnicas, segundo as autoridades locais. O TU-154, fabricado em
1982, tinha sido reformado em
1993 e poderia voar 37 mil horas,
6.000 a menos que voou. Quanto
ao TU-134, ele foi fabricado em
1977 e reformado em 1996.
Foram encontradas as caixas-pretas dos dois aviões, com o registro dos vôos e de conversas entre os tripulantes nas cabinas. Não
haviam informações sobre o conteúdo desses arquivos.
O presidente Vladimir Putin determinou que as causas dos dois
acidentes fossem rapidamente esclarecidas, segundo o Kremlin.
A possibilidade de terrorismo
levou a segurança dos aeroportos
russos a ser reforçada.
Com agências internacionais
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