São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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REINO UNIDO

África do Sul prende sir Mark Thatcher sob acusação de complô para derrubar governo da Guiné Equatorial; ele nega

Filho de Thatcher é acusado de tramar golpe

DA REDAÇÃO

O filho da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-90) foi preso ontem na África do Sul, acusado de envolvimento num plano para derrubar o governo da Guiné Equatorial, o terceiro maior produtor de petróleo da África.
Sir Mark Thatcher, 51, estava de pijama quando foi detido às 7h locais em sua casa, num bairro luxuoso da Cidade do Cabo. Ele foi liberado mais tarde depois de depositar US$ 300 mil como garantia e entregar seu passaporte, mas está em prisão domiciliar.
O britânico não se pronunciou no tribunal e não deu entrevista. Em nota, o filho da "dama de ferro" disse ser inocente. "Estou cooperando totalmente com as autoridades para resolver o problema. Não tenho nenhum envolvimento em nenhum suposto golpe na Guiné Equatorial e rejeito todas as acusações em contrário".
Durante a prisão, uma unidade de elite da polícia sul-africana conhecida como Scorpions vasculhou a casa de Mark Thatcher em busca de contas de telefone, computadores e outras provas.
"Esse homem tem uma acusação séria para responder no tribunal", disse o porta-voz da polícia Makhosini Nkosi. "A unidade Scorpions não prende se não há fortes indícios."
Nkosi disse que a operação foi feita em colaboração com a polícia guinéu-equatoriana, onde 14 estrangeiros estão sendo julgados pelo mesmo plano de golpe.
No Zimbábue, respondem pela mesma acusação outros 70 homens, entre eles o ex-oficial das forças especiais britânicas Simon Mann, ligado a Mark e acusado de ser o líder do suposto golpe, descoberto em março.
Em depoimento, o negociador de armas sul-africano Nick du Toit, que está preso na Guiné Equatorial, disse que se encontrou com Mark e Mann em julho de 2003. Ali, o empresário britânico teria demonstrado interesse na compra de helicópteros militares para uma empresa de mineração no Sudão.
"Nós o acusamos de ter sido um dos financiadores dessa tentativa de golpe. Estamos procurando documentos que vão nos ajudar nessa investigação", disse Sipho Ngwema, outro porta-voz da polícia sul-africana.
O governo da Guiné Equatorial, presidido por Teodoro Obiang Mbasogo, estuda pedir a extradição de Mark. O governo sul-africano, no entanto, dificilmente aceitará o pedido, já que a Guiné Equatorial tem pena de morte.

Trajetória de problemas
Empresário, o filho da ex-primeira-ministra britânica vive na África do Sul desde 1995, depois de ter morado nos EUA, onde se casou com uma milionária americana. Com um histórico de problemas, em várias ocasiões foi acusado de usar o nome da mãe para se beneficiar em contratos. Sua fortuna hoje é estimada em US$ 107 milhões.
Sir Mark, que herdou o baronato do seu pai, Dennis, em 2003, teve diversas ocupações, que duravam em média um ano.
Em 1977, criou a empresa de carros de corrida Mark Thatcher Racing, que teve problemas financeiros.
Sua ligação com o mundo das corridas provocou um grande constrangimento à sua mãe em 1982, quando, tentando ser um piloto profissional, foi ridicularizado pela imprensa ao se perder no rali Paris-Dacar.
No início dos anos 80, deputados britânicos investigaram se uma de suas empresas, a Monteagle Marketing, havia se beneficiado de influência política para conseguir um contrato milionário para construir uma universidade em Omã. Mark havia viajado àquele país um dia depois de uma visita oficial de sua mãe.
Em 1987, Mark perguntou ao então secretário de imprensa de sua mãe, Bernard Ingham, como poderia ajudá-la na eleição de 1987. "Deixe o país", foi o que ouviu como resposta.


Com agências internacionais e o jornal "The Independent"


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