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FILOSOFIA DO MEDO
Delumeau falou em congresso no Rio
"Busca febril por segurança gera angústia", diz historiador francês
DA SUCURSAL DO RIO
Um dos destaques do Congresso Internacional do Medo, o historiador francês Jean Delumeau
foi assustador na maior parte de
sua palestra, realizada ontem na
Maison de France, no Rio. Mas,
na conclusão, ressaltou o perigo
do excesso de temor.
"A busca febril por segurança
gera angústia. Não devemos recair na utopia da segurança generalizada, da assepsia universal. O
medo é necessário e saudável para
prevermos os perigos reais que
nos ameaçam, como o desastre
ecológico que estamos precipitando", afirmou ele no final da
conferência.
Antes, o susto. Delumeau disse
que "a multiplicação dos atos de
terrorismo e o aperfeiçoamento
das armas" têm aumentado o número de vítimas civis no mundo
e, em conseqüência, a sensação de
insegurança. Com a globalização,
segundo ele, o terrorismo passou
a atuar em escala planetária.
"Ninguém, em lugar nenhum do
mundo, está a salvo hoje", assinalou o historiador.
Delumeau traçou na palestra
uma espécie de história do medo,
ressaltando momentos em que ele
foi extremamente forte, como na
peste que assolou a Europa no século 14 e nas guerras do século 20,
"o mais criminoso e sangrento da
história".
Ele ainda falou de símbolos do
medo, como o mar e a noite, e diferenciou os medos naturais (terremotos, furacões etc.) dos culturais. Para Delumeau, a época atual
está marcada por um terrível medo cultural: "É o medo do outro,
da diferença, do próprio homem", afirmou.
Respondendo a uma pergunta
da platéia, ela relativizou a xenofobia na França. "Existe essa tentação por parte de uma minoria,
mas não é geral. Esperamos contê-la", disse.
Organizado pelo jornalista
Adauto Novaes, o Congresso Internacional do Medo prossegue
até 29 de agosto. Hoje, Delumeau,
que é professor do Collège de
France, repete a palestra "Medos
de ontem e de hoje", que fez ontem no Rio, no Teatro Aliança
Francesa em São Paulo.
Na próxima semana, o Congresso Internacional do Medo
prossegue no Rio de Janeiro e em
São Paulo com palestras de especialistas como Francis Wolff, com
a conferência "Deve-se temer a
morte?", e Nathalie Frogneux, que
aborda "O Medo Como Virtude".
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