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CERCO AO KREMLIN
A fim de driblar enfraquecimento de Ieltsin, analistas políticos propõem antecipar pleito marcado para o ano 2000
Rússia discute eleições antecipadas
das agências internacionais
A grave crise econômica e a última manobra do presidente russo,
Boris Ieltsin -que trouxe de volta
ao comando do governo o ex-premiê Viktor Tchernomirdin- aumentaram as pressões por eleições
antecipadas no país.
Analistas políticos, como o
ex-assessor de Ieltsin Gueorgui Satarov, afirmam que "as eleições
presidenciais antecipadas se tornaram um imperativo econômico
com a nomeação de Tchernomirdin".
Para Satarov -assessor de Ieltsin entre março de 94 e setembro
de 97-, a crise econômica torna
inevitável uma política impopular
de austeridade, que só poderia ser
conduzida por um governo despreocupado com as eleições.
O premiê interino Tchernomirdin já revelou o desejo de concorrer à Presidência no ano 2000.
"Ele não poderá levar adiante o
plano com apenas um ano e meio
pela frente", diz Satarov.
O analista político Andrei Ilarionov disse, em entrevista ao principal jornal do país, o "Izvestia",
que uma "união entre Tchernomirdin, os principais empresários
e a oposição" deve pressionar Ieltsin a convocar eleições presidenciais ainda neste ano.
Em conversa telefônica, Ieltsin
disse ontem ao presidente dos
EUA, Bill Clinton, que a estabilização da economia é sua prioridade.
O presidente russo pediu aos ministros do governo demitido que
continuem trabalhando até a
constituição de um novo gabinete.
A indicação de Tchernomirdin
ainda precisa ser submetida à Duma (câmara baixa do Parlamento).
Se o nome não for aprovado em
três votações, Ieltsin pode dissolver a atual Duma e convocar novas
eleições legislativas.
Tchernomirdin negocia a formação do gabinete com a oposição neocomunista, que tem a
maior bancada na Duma.
Os deputados oposicionistas fazem exigências, entre as quais a diminuição do poder de intervenção
de Ieltsin nas decisões do governo.
"O governo terá de ser uma coalizão, caso eles queiram resgatar
juntos o país da crise", disse ontem o presidente da Duma, o neocomunista Gennadi Selezniov.
O líder do Partido Comunista,
Guennadi Ziuganov, afirmou que
Ieltsin deve renunciar dentro de
pouco tempo "por problemas de
saúde". "Sua saída é uma questão
de semanas."
Segundo a Constituição russa,
em caso de "incapacidade permanente" do presidente para governar, o poder deve ser passado ao
primeiro-ministro, que teria de
convocar eleições em um prazo
máximo de três meses.
Ontem, Boris Ieltsin, 67, disse
que sua saúde está em boas condições. Em cerimônia no Kremlin,
ele culpou os fotógrafos russos, dizendo que eles o fariam parecer
mais velho.
Ieltsin já passou por cirurgias no
coração e crises de pneumonia, e
esteve ausente do Kremlin diversas vezes para fazer tratamentos.
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