São Paulo, quarta, 26 de agosto de 1998

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FRANÇA
Caso pode atingir presidente Chirac
Alain Juppé é acusado de desviar fundos

RODRIGO AMARAL
de Paris

O ex-primeiro-ministro francês Alain Juppé vai responder a processo sobre a criação de "empregos-fantasmas" na Prefeitura de Paris, entre 88 e 95, em um caso que pode acabar atingindo o presidente Jacques Chirac.
Esses postos de trabalho (cerca de 200) seriam, na verdade, ocupados por membros do RPR, partido de Juppé e Chirac. Na época em que eles foram criados, Juppé era o responsável pelas finanças de Paris. Ao mesmo tempo, ocupava a secretaria-geral do RPR.
Em ambos os casos, seu chefe se chamava Jacques Chirac, que acumulava a presidência do RPR e o cargo de prefeito de Paris (que deixou em 95 para concorrer à Presidência da República).
Segundo acusações feitas por um ex-funcionário municipal, os salários desses funcionários eram pagos pela prefeitura ou empresas privadas que trabalhavam com o setor público parisiense. Mas eles só trabalhariam para o RPR.
A Justiça decidiu, então, investigar o caso, e Juppé vai ter de responder a processo por cinco acusações. A principal delas é de "desvio de fundos públicos".
O juiz Patrick Desmure também indiciou Michel Roussin, que era chefe de gabinete de Chirac.
Ontem à noite, em entrevista à rede de TV "TF1", Juppé afirmou que a Prefeitura de Paris "jamais pagou salários a membros permanentes do RPR".
Juppé, que hoje é deputado e prefeito de Bordeaux, é um dos homens de confiança de Chirac. Em 95, após ser eleito presidente, Chirac o escolheu como premiê.
Existe a dúvida sobre o alcance da investigação, ou seja, se pode chegar ao presidente. Ontem, o deputado Patrick Devedjian (RPR) afirmou que o presidente conta com uma imunidade total, devido a seu cargo.
Já o cientista político Etiènne Schweisgut disse à Folha que a imunidade só vale para atos cometidos no exercício da Presidência.



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