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FRANÇA
Caso pode atingir presidente Chirac
Alain Juppé é acusado de desviar fundos
RODRIGO AMARAL
de Paris
O ex-primeiro-ministro francês
Alain Juppé vai responder a processo sobre a criação de "empregos-fantasmas" na Prefeitura
de Paris, entre 88 e 95, em um caso
que pode acabar atingindo o presidente Jacques Chirac.
Esses postos de trabalho (cerca
de 200) seriam, na verdade, ocupados por membros do RPR, partido de Juppé e Chirac. Na época
em que eles foram criados, Juppé
era o responsável pelas finanças de
Paris. Ao mesmo tempo, ocupava
a secretaria-geral do RPR.
Em ambos os casos, seu chefe se
chamava Jacques Chirac, que acumulava a presidência do RPR e o
cargo de prefeito de Paris (que deixou em 95 para concorrer à Presidência da República).
Segundo acusações feitas por um
ex-funcionário municipal, os salários desses funcionários eram pagos pela prefeitura ou empresas
privadas que trabalhavam com o
setor público parisiense. Mas eles
só trabalhariam para o RPR.
A Justiça decidiu, então, investigar o caso, e Juppé vai ter de responder a processo por cinco acusações. A principal delas é de
"desvio de fundos públicos".
O juiz Patrick Desmure também
indiciou Michel Roussin, que era
chefe de gabinete de Chirac.
Ontem à noite, em entrevista à
rede de TV "TF1", Juppé afirmou
que a Prefeitura de Paris "jamais
pagou salários a membros permanentes do RPR".
Juppé, que hoje é deputado e
prefeito de Bordeaux, é um dos
homens de confiança de Chirac.
Em 95, após ser eleito presidente,
Chirac o escolheu como premiê.
Existe a dúvida sobre o alcance
da investigação, ou seja, se pode
chegar ao presidente. Ontem, o
deputado Patrick Devedjian
(RPR) afirmou que o presidente
conta com uma imunidade total,
devido a seu cargo.
Já o cientista político Etiènne
Schweisgut disse à Folha que a
imunidade só vale para atos cometidos no exercício da Presidência.
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