São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Em meio à disputa no partido governista, Israel amplia ação militar e, sob pressão, grupo terrorista anuncia trégua

Após escalada, Hamas suspende ataques

Suhaib Salem/Reuters
Palestinos cercam o carro de Mohammed Khalil, líder do Jihad Islâmico, pouco após ser destruído por um míssil israelense em Gaza


DA REDAÇÃO

O grupo terrorista palestino Hamas anunciou ontem a suspensão de ataques com foguetes contra Israel. A decisão ocorre depois de uma intensificação das ações militares de Israel contra organizações extremistas em Gaza, mas a pressão da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e do Egito sobre o Hamas também parecem ter sido decisivas.
Mísseis israelenses atingiram prédios usados por militantes palestinos em Khan Younis, no sul da faixa de Gaza, na madrugada de hoje, segundo testemunhas.
Mahmoud Zahar, um dos líderes do Hamas, anunciou que o grupo vai deixar de lançar foguetes de Gaza e deixar de promover manifestações em estilo militar com a presença ostensiva de armas. Zahar, que é a principal liderança do Hamas em Gaza, afirmou que o grupo permanece fiel ao cessar-fogo que vigora parcialmente desde fevereiro. Disse que a decisão visa a proteger palestinos de novos ataques israelenses e manter a atmosfera de alegria que se seguiu à retirada israelense de Gaza, há duas semanas.
Horas antes do anúncio, Israel matara um importante comandante do grupo terrorista Jihad Islâmico e prendeu mais de 200 palestinos suspeitos de atuar para organizações radicais.
A operação contra o Jihad foi lançada pouco depois de o Likud, partido do premiê Ariel Sharon, reunir-se para votar se antecipa ou não as primárias para decidir quem vai comandar a agremiação. Se a proposta for adotada, como querem os adversários de Sharon na legenda, é possível que o premiê abandone o partido.
O ataque israelense matou Mohammed al Sheikh Khalil, descrito pelo Jihad Islâmico como um de seus "mais importantes comandantes na Palestina". O grupo prometeu vingança e ameaçou abandonar o cessar-fogo.
Um ajudante de Khalil que não foi identificado também morreu e quatro pessoas ficaram feridas. É o mais grave recrudescimento da violência em Gaza desde que Israel retirou suas tropas da área.
Um pouco antes, Israel havia detido mais de 200 supostos militantes palestinos na Cisjordânia. Sharon também ordenou ao Exército utilizar-se de "todos os meios" para impedir que novas salvas de foguetes sejam lançadas.
O Comitê Central do Likud reuniu-se ontem em Tel Aviv. Sharon retirou-se do evento após o sistema de microfones falhar na hora do seu discurso. Seus assessores falaram em "sabotagem".
Hoje o Comitê Central deve votar a moção proposta pelo ex-premiê Binyamin Netanyahu de antecipar as primárias da legenda para novembro. Netanyahu pretende substituir Sharon na liderança do partido. A direita do Likud está furiosa com Sharon. Ela se opunha à retirada de Gaza. Netanyahu afirma que a decisão de Sharon ameaça a segurança de Israel. Esse contexto adverso leva o governo a adotar medidas mais duras contra os palestinos.
Sharon pretende que as primárias ocorram mais perto das eleições legislativas nacionais, previstas para o fim de 2006. O premiê, porém, não disse se ficará ou não na legenda caso a maioria dos 3.000 membros do Comitê Central decida contra ele. São crescentes as especulações de que, se perder, fundará nova legenda.
No sábado, ataques lançados por helicópteros israelenses mataram dois supostos militantes do Hamas e feriram 20 palestinos.
A violência voltou a eclodir na região depois que uma explosão matou 16 pessoas na sexta-feira numa manifestação do Hamas em Gaza. O grupo extremista responsabilizou Israel e, em retaliação, lançou mais de 40 foguetes contra o Estado judeu. Israel negou responsabilidade pela explosão no protesto e ANP afirmou que o incidente parece ter sido provocado acidentalmente por militantes do Hamas que carregavam explosivos.

com agências internacionais


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