São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2011

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Mulheres sauditas ganham direito de votar

Rei Abdullah anuncia que, a partir das próximas eleições, em 2015, elas poderão também concorrer a cadeiras nos conselhos locais

Decisão foi celebrada por ativistas, que aguardam há anos outros avanços, como o direito de dirigir

Hassan Ammar - 29.mar.2010/Associated Press
Mulheres sauditas participam de feira sobre negócios e turismo, em Riad, capital do reino da Arábia Saudita

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em uma medida histórica, o rei saudita Abdullah bin Abdulaziz al Saud, anunciou ontem que as mulheres de seu país poderão votar e se candidatar nas próximas eleições locais, em 2015.
O anúncio surge no rastro das revoltas antigoverno que atingem boa parte dos países árabes, aumentando a pressão sobre todos os regimes da região.
Em discurso transmitido pela TV, o rei Abdullah, que vinha sido criticado por ignorar pedidos de abertura inspirados na chamada Primavera Árabe, afirmou que "se recusa a marginalizar as mulheres na sociedade e em todos os papéis que cumprem".
A declaração é tida como um divisor de águas em um reino onde as mulheres têm direitos restritos.
Elas não podem, por exemplo, trabalhar, viajar ou passar por algumas cirurgias médicas sem a permissão de um homem da família, além de serem proibidas de dirigir.
Mas o aumento da participação feminina na ainda embrionária abertura saudita não vale para as eleições municipais que ocorrerão na quinta-feira na Arábia Saudita.
Apenas homens irão eleger os membros dos conselhos municipais, nos quais metade dos representantes são escolhidos pela população e metade são apontados pelo próprio governo.
Apesar de os integrantes dos conselhos locais terem pouco poder, a abertura às mulheres é vista por ativistas como uma medida importante no país tido como o mais conservador do mundo árabe do ponto de vista moral e religioso.
"Apesar da eficácia questionada dos conselhos, o envolvimento das mulheres é necessário. Talvez depois haja outras mudanças", disse Naila Attar, que organizou a campanha pelo direito das mulheres ao voto.
A escritora Wajeha al Huwaider também elogiou a iniciativa do rei. "A voz da mulher finalmente será ouvida", disse.
"Agora é hora de quebrar outras barreiras, como as proibições de dirigir e trabalhar, e de viver uma vida normal, sem homens guardiões", completou.
O país não tem lei formal que veta mulheres na direção. Mas não emite habilitação para elas, com base em interpretações austeras do islã, sustentadas pela população saudita mais moralista.

ELOGIO AMERICANO
A Casa Branca divulgou comunicado elogiando a medida do monarca saudita.
A Arábia Saudita é um importante aliado estratégico, político e comercial dos Estados Unidos. Em junho, quando mulheres foram detidas pela polícia religiosa por dirigirem, a ONG saudita Women2Drive pediu que Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, se pronunciasse contra o regime aliado.
Após semanas de um embaraçoso silêncio, ela chamou as sauditas de "corajosas".


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