São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2011

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Grandes bancos fazem apelo à Europa

Órgão que reúne 440 instituições financeiras pede a investidores e Estados que aumentem e flexibilizem resgate à Grécia

Iniciativa visa conter turbulência global, cujo epicentro está na zona do euro mas afeta mercados mundiais

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Os maiores bancos do mundo apelaram aos investidores e às autoridades europeias para que fortaleçam e flexibilizem um fundo de resgate à Grécia e a outros países europeus que enfrentam problemas com suas dívidas.
Mas além de pedidos e promessas, o encontro anual do FMI em Washington acabou sem plano concreto para conter as turbulências financeiras globais, cujo epicentro está na Europa, mas cujos efeitos afetam mercados do mundo todo, com peso negativo na economia real.
Países emergentes e os EUA, além dos bancos e do próprio fundo, puseram suas fichas em um pacote fechado pelos europeus em julho e entraram em compasso de espera, limitando-se a instar os governos dos países da zona do euro a aprovar a proposta até 14 de outubro.
A grande pergunta não respondida, porém, é o que acontecerá se um dos 17 Parlamentos da região rejeitar a proposta -e o plano colapsar, no que o ministro brasileiro Guido Mantega (Fazenda) chama de "suicídio".
Falando ontem em evento no Instituto Internacional de Finanças (IIF), grupo que reúne 440 bancos e instituições financeiras, o diretor da entidade, Josef Ackermann, tentou convencer investidores a aderirem a um programa de troca de títulos via EFSF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira).
"Nós recomendamos, e a Grécia precisa", afirmou ele, que é também CEO do Deutsche Bank -os bancos alemães são especialmente vulneráveis a Grécia.
O IIF ajudou a desenhar essa parte do pacote selado em julho, visando prorrogar o vencimento dos títulos da dívida em troca de um desconto em seu valor. Assim, espera-se que o investimento se torne mais seguro e os juros pagos por Atenas caiam.
Nas contas da entidade, a manobra levaria a dívida grega, que no fim deste ano deve atingir surreais 155% do PIB do país, a baixar para 122% no fim de 2015 e atingir 98% em 2020 -nível que o IIF considera "manejável".
O problema é que o plano de julho, um pacotaço de € 159 bilhões no qual € 1 em cada € 3 precisa vir do bolso de investidores privados, é considerado datado dentro da própria União Europeia.
Um dia antes do apelo de Ackermann, o ministro alemão da Economia, Wolfgang Schäuble, dissera no mesmo fórum que era preciso reavaliar se algo proposto em julho ainda fazia sentido diante do agravamento das turbulências mundiais.
O diretor do IFF, porém, retrucou: "Se começarmos a abrir outra vez essa caixa de Pandora, vamos perder tempo, e eu não tenho certeza de que as pessoas quererão ainda participar". Christine Lagarde, a diretora-gerente do FMI, pediu "vontade política" aos europeus para agir e evitar uma contaminação ainda maior dos mercados globais.


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