Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A DIREITA CONTRA SHARON
Para deputado religioso, dirigente traiu colonos
DA REDAÇÃO
O premiê Ariel Sharon traiu os
seus próprios ideais ao lançar o
seu plano de saída de Gaza. Além
de premiar o terrorismo, "o plano
retira de Israel uma de suas principais cartas em uma negociação
futura com os palestinos", afirma
o deputado Shaul Yahalom, do
Partido Nacional Religioso. A seguir, leia trechos da entrevista
concedida à Folha, por telefone,
de Israel.
(GC)
Folha - Por que o Partido Nacional Religioso é contra o plano?
Shaul Yahalom - Porque ele premia os terroristas e é unilateral. Para
que fazer isso
se não há paz?
O plano retira
de Israel uma
de suas principais cartas
em uma negociação futura com os
palestinos.
Nós pagaremos um preço territorial. E um preço caro.
Folha - Sharon traiu os colonos?
Yahalom - Não entendemos o
que ele está fazendo. Ele foi o líder
dos colonos, que os incentivou a
ir para essas áreas [Gaza e Cisjordânia]. Fez construções. Criticava
os opositores. Todos na direita
acham que ele traiu [os colonos].
Folha - Por que então ele está
propondo o plano?
Yahalom - A proposta surgiu em
meio a iniciativas como o acordo
de Genebra. Um de seus assessores disse, recentemente, que seria
para fortalecer a presença na Cisjordânia. Teria havido pressão
dos EUA. Não sei ao certo.
Folha - Gaza é tão importante para Israel quanto a Cisjordânia?
Yahalom - Não é como a Judéia e
a Samaria [Cisjordânia]. Mas
também tem a sua importância
histórica para Israel.
Folha - Você aceitaria a retirada
se houvesse um referendo?
Yahalom - A retirada dos colonos precisa ser pela via democrática. Precisa haver um acordo entre as pessoas. Sharon não disse,
antes de ser eleito, que tinha esse
plano. A população precisaria,
portanto, ser consultada.
Não sei se haverá
uma guerra civil,
mas há uma
atmosfera [de
confrontação]
|
Ele não
pode fazer o que quer. Sharon pediu um referendo ao Likud [partido do premiê] e perdeu. Depois
demitiu dois ministros contrários
ao plano. Desse jeito, não há mais
democracia.
Folha - Há risco
de guerra civil?
Yahalom -
Quando você
não respeita a
democracia, ficam abertas as
portas para a
violência. Não
sei se haverá
uma guerra civil, mas há uma
atmosfera. Porém eu não concordo com os pedidos [de rabinos extremistas] para que militares não
respeitem as ordens de remover
os assentamentos.
Folha - Qual é a proposta de paz
de seu partido? O sr. é a favor de
um Estado palestino?
Yahalom - Sou contra [um Estado palestino]. E nós defendemos
que não haja soberania israelense
nem palestina sobre a Judéia, a
Samaria e Gaza por um período.
Os colonos judeus seriam cidadãos de Israel e governariam as
suas vidas nos territórios. Os palestinos seriam jordanianos [na
Judéia e na Samaria] ou egípcios
em Gaza. E governariam as suas
vidas nas mesmas áreas.
Texto Anterior: A esquerda com Sharon: Premiê é a única saída, diz deputado pacifista Próximo Texto: Arafat rejeita autorização para ir a hospital Índice
|