São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Para militares, marca "é artificial"; Bush diz que guerra exigirá mais sacrifícios e descarta retirada

Morre o 2.000º soldado americano no Iraque

Jim Watson/France Presse
Bush discursa para mulheres de oficiais na Base Aérea de Bolling


DA REDAÇÃO

Vítima de uma bomba que o atingiu em Samarra há oito dias, o sargento George Alexander, 34, morreu em um hospital no Texas durante o fim de semana e se tornou a 2.000ª baixa americana no Iraque desde a invasão do país, em março de 2003, anunciou ontem o Pentágono. No período, mais de 15 mil soldados americanos foram feridos.
A marca rompe uma barreira psicológica que fará aumentar a pressão sobre o governo de George W. Bush, cuja popularidade vem caindo sistematicamente nos últimos meses, paralelamente ao apoio à guerra.
Em um discurso algumas horas antes do anúncio, em um almoço com mulheres de oficiais na Base Aérea de Bolling (Washington), Bush disse que a guerra no Iraque exigiria "mais sacrifícios".
"Cada vida perdida parte o coração, e o melhor modo de honrarmos o sacrifício de nossos soldados tombados é completar a missão", disse. "Essa guerra demandará mais sacrifícios, tempo e determinação. Os terroristas são inimigos tão brutais quanto qualquer outro que já enfrentamos. Ninguém deve subestimá-los."
Um porta-voz militar americano, o coronel Steve Boylan, diretor do centro de imprensa das Forças Armadas, chamou o número de "marca artificial". "O 2.000º soldado a ser morto durante a Operação Libertação do Iraque não é um marco. É uma marca artificial fixada por indivíduos e grupos com interesses específicos", declarou a jornalistas.

Civis
Os EUA não contabilizam quantos civis iraquianos foram mortos no conflito, mas, segundo o grupo independente Iraq Body Count, com sede no Reino Unido, eles estão entre 26,6 mil e 30 mil.
Ontem, a Al Qaeda no Iraque reivindicou na internet a autoria de um atentado na véspera que deixou ao menos 20 mortos na região hoteleira de Bagdá, local especialmente freqüentado por jornalistas estrangeiros.
Na capital, um civil foi morto em um ataque com carro-bomba que visou um comboio militar americano. Na cidade curda de Sulaimaniya, no norte, um carro-bomba deixou 13 mortos.
Mais cedo, o comando americano havia anunciado a morte de dois marines durante um confronto com insurgentes, o que elevara para 1.999 as baixas americanas, de acordo com uma contagem mantida pela agência de notícias Associated Press.
Em seu discurso, Bush disse que retirar suas tropas do Iraque não era uma opção.
A pressão sobre o presidente, no entanto, deve aumentar. A ativista Cindy Sheehan, cujo filho foi morto no Iraque, anunciou que ela e outros manifestantes passarão os próximos quatro dias deitados diante da Casa Branca, fingindo-se de mortos, em protesto.

Mudança de estratégia
Um relatório anual divulgado ontem pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, sediado em Londres, afirma que as potências militares ocidentais serão forçadas a repensar sua estratégia por conta da Guerra do Iraque, que mostrou que existem limites para suas Forças Armadas convencionais.
"O inimigo encontrou novas áreas de atuação em que os EUA não conseguem usar sua superioridade bélica", disse o diretor do instituto, John Chipman, citando como exemplo o freqüente uso de homens-bombas.

Com agências internacionais

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