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Bush tenta recuperar votos antiguerra
Premiê iraquiano nega concordar com o prazo, anunciado pelo embaixador dos EUA, para assumir segurança do país
Presidente diz que paciência
americana tem limites, mas
defende ação no Iraque e
tenta reverter favoritismo
dos democratas nas urnas
DA REDAÇÃO
O presidente americano,
George W. Bush, afirmou ontem, com relação ao Iraque, que
"a paciência dos Estados Unidos tem limites". Mas se disse
confiante no apoio que o eleitor
americano dará ao engajamento do país no conflito, "enquanto estiver enxergando o caminho da vitória".
Bush se recusou a fixar um
prazo para a retirada de seus
141 mil militares, afirmando
que seu objetivo é vencer a
guerra e que "uma retirada baseada num cronograma artificial significaria uma derrota".
Sua longa entrevista ocorreu
em meio a um contexto confuso. Na terça-feira, o embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalilzad, disse que o governo iraquiano estava de acordo com a fixação de um prazo
de 12 a 18 meses para que suas
forças de segurança assumissem o controle de todas as 18
províncias locais.
Mas essa suposta concordância foi duramente negada pelo
primeiro-ministro, Nuri al Maliki, em entrevista em Bagdá.
"Afirmo que este governo representa a vontade do povo e
que ninguém tem o direito de
nos impor cronogramas", disse.
Também afirmou acreditar
que a questão não era discutida
em Washington como uma decisão estratégica sobre o Iraque. Trata-se, a seu ver, "de um
produto da eleição americana".
Contra-senso
Há em tudo isso um paradoxo. O premiê apresenta como
prova de sua soberania política
a preservação da segurança interna de seu país nas mãos de
militares estrangeiros. E ainda,
mesmo com outras palavras,
acusa de eleitoreira a fixação de
um prazo para que esses militares sejam repatriados.
A entrevista dele precedeu
em algumas horas a de Bush. O
presidente americano respondeu com ao menos uma alfinetada. Disse ter "superestimado
a capacidade" do governo de
Bagdá em estabelecer os serviços públicos de base, numa
menção indireta também à segurança interna. Pesando as
palavras, Bush disse que não
exerceria pressão excessiva sobre o premiê. Afirmou que
"Maliki é o homem certo para o
Iraque enquanto ele continuar
a tomar decisões enérgicas".
O presidente não comentou
outra clara insinuação do premiê, que disse não ter autorizado que soldados americanos
convocassem o Exército iraquiano para uma operação
num subúrbio xiita de Bagdá,
que ontem terminou com quatro mortos e 20 feridos. Maliki
pertence à maioria xiita.
Mas Bush, em sua entrevista,
estava de olho no público interno e procurava reverter a tendência favorável à oposição democrata, que, com o desapontamento com o Iraque, poderá
fazer no próximo dia 7 a maioria na Câmara e no Senado.
"Sei que os americanos não
estão satisfeitos com a situação
no Iraque. Eu também não estou. E é por isso que estamos
implementando medidas para
a segurança de Bagdá e adaptando nossa tática em função
das novas ameaças", disse ele.
O presidente afirmou que os
eleitores votarão no partido
que for capaz de dar maior proteção aos Estados Unidos. Disse ainda que uma democracia
estável naquele país do Oriente
Médio é essencial e que os soldados americanos lá ficariam
"até que o trabalho esteja concluído".
Com agências internacionais
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