São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CAMPOS DE BATALHA

Na Virgínia, norte acena com mudança de tradição

Região favorece Obama, em contraste com outras partes, ferrenhamente republicanas

Crescimento de população de latinos pode dar primeira vitória no Estado a um democrata desde as eleições presidenciais de 1964


DO ENVIADO À VIRGÍNIA

Cinco minutos com os pés no Estado, o visitante é informado que há duas Virgínias: a "Nova" e a "Rova". São siglas em inglês para "North of Virginia" (norte da Virgínia) e "Rest of Virginia" (resto da Virgínia). Pois a primeira está com Barack Obama, e a segunda, com John McCain. A questão é qual das duas predominará nas urnas no dia 4.
Segundo a média de pesquisas mais recentes do Real Clear Politics, o democrata lidera hoje no Estado por sete pontos percentuais. "Sou cético quanto aos levantamentos, mas, se Obama ganhar, será por uma margem mais apertada que essa", disse à Folha Mark Rozell, da universidade George Mason em Arlington, uma das principais cidades de "Nova".
Autor de nove e co-autor de outros 16 livros sobre política norte-americana, entre eles "The New Politics of the Old South" (as novas políticas do velho Sul), o acadêmico teme o que chama de "efeito Wilder". Em 1989, Doug Wilder foi eleito governador da Virgínia, o primeiro negro a comandar um Estado na história dos EUA.
Até o dia da eleição e na pesquisa de boca-de-urna, tinha sete pontos percentuais de vantagem sobre o rival, branco. Abertas as urnas, conseguiu apenas 4.000 votos a mais, num universo de 2 milhões, ou 0,2%, o que levou à recontagem. Por fim, foi eleito, mas por margem apertadíssima.
A favor de Obama está o fato de que quase 20 anos se passaram desde então e, no período, o Estado colocou no poder outros governadores democratas -em 2006, o republicano George Allen perdeu a corrida depois de chamar um indiano de "macaco"- e deve eleger para o Senado o popular Mark Warner, hoje mais de 20 pontos à frente de seu oponente republicano, Jim Gilmore.
A favor ainda está a configuração demográfica de "Nova": a região é a segunda que mais cresce nos EUA, embalada por latinos. Dos novos habitantes, 30% são dessa origem, que vota em peso em democratas. Há também um grande número de indianos, que chegam atraídos por empresas de informática no que já é conhecido como o "Vale do Silício do Leste".
A favor de John McCain está a história de "Rova", o sul tradicional e branco de um Estado que abrigou uma das capitais dos confederados escravocratas durante a Guerra de Secessão (1861-1865). Há ainda o histórico em eleições presidenciais: desde 1964, nenhum candidato democrata levou os atuais 13 votos do Colégio Eleitoral vencendo aqui.
A campanha de McCain vem estimulando a nova secessão. Uma porta-voz da campanha reconheceu que o candidato não ia bem nos levantamentos das cidades ao norte, mas que a região não era "a Virgínia real". "O resto do Estado, a Virgínia real, vai responder à mensagem do senador", disse Nancy Pfotenhauer. Ela deu a entrevista no QG de McCain, num prédio moderno em Arlington, centro de "Nova". (SÉRGIO DÁVILA)


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