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SUCESSÃO NOS EUA / CAMPOS DE BATALHA
Na Virgínia, norte acena com mudança de tradição
Região favorece Obama, em contraste com outras partes, ferrenhamente republicanas
Crescimento de população de latinos pode dar primeira vitória no Estado a um democrata desde as eleições presidenciais de 1964
DO ENVIADO À VIRGÍNIA
Cinco minutos com os pés no
Estado, o visitante é informado
que há duas Virgínias: a "Nova"
e a "Rova". São siglas em inglês
para "North of Virginia" (norte
da Virgínia) e "Rest of Virginia"
(resto da Virgínia). Pois a primeira está com Barack Obama,
e a segunda, com John McCain.
A questão é qual das duas predominará nas urnas no dia 4.
Segundo a média de pesquisas mais recentes do Real Clear
Politics, o democrata lidera hoje no Estado por sete pontos
percentuais. "Sou cético quanto aos levantamentos, mas, se
Obama ganhar, será por uma
margem mais apertada que essa", disse à Folha Mark Rozell,
da universidade George Mason
em Arlington, uma das principais cidades de "Nova".
Autor de nove e co-autor de
outros 16 livros sobre política
norte-americana, entre eles
"The New Politics of the Old
South" (as novas políticas do
velho Sul), o acadêmico teme o
que chama de "efeito Wilder".
Em 1989, Doug Wilder foi eleito governador da Virgínia, o
primeiro negro a comandar um
Estado na história dos EUA.
Até o dia da eleição e na pesquisa de boca-de-urna, tinha
sete pontos percentuais de
vantagem sobre o rival, branco.
Abertas as urnas, conseguiu
apenas 4.000 votos a mais,
num universo de 2 milhões, ou
0,2%, o que levou à recontagem. Por fim, foi eleito, mas
por margem apertadíssima.
A favor de Obama está o fato
de que quase 20 anos se passaram desde então e, no período,
o Estado colocou no poder outros governadores democratas
-em 2006, o republicano
George Allen perdeu a corrida
depois de chamar um indiano
de "macaco"- e deve eleger para o Senado o popular Mark
Warner, hoje mais de 20 pontos à frente de seu oponente republicano, Jim Gilmore.
A favor ainda está a configuração demográfica de "Nova": a
região é a segunda que mais
cresce nos EUA, embalada por
latinos. Dos novos habitantes,
30% são dessa origem, que vota
em peso em democratas. Há
também um grande número de
indianos, que chegam atraídos
por empresas de informática
no que já é conhecido como o
"Vale do Silício do Leste".
A favor de John McCain está
a história de "Rova", o sul tradicional e branco de um Estado
que abrigou uma das capitais
dos confederados escravocratas durante a Guerra de Secessão (1861-1865). Há ainda o histórico em eleições presidenciais: desde 1964, nenhum candidato democrata levou os
atuais 13 votos do Colégio Eleitoral vencendo aqui.
A campanha de McCain vem
estimulando a nova secessão.
Uma porta-voz da campanha
reconheceu que o candidato
não ia bem nos levantamentos
das cidades ao norte, mas que a
região não era "a Virgínia real".
"O resto do Estado, a Virgínia
real, vai responder à mensagem do senador", disse Nancy
Pfotenhauer. Ela deu a entrevista no QG de McCain, num
prédio moderno em Arlington,
centro de "Nova".
(SÉRGIO DÁVILA)
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