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Na contramão, Canadá busca imigrantes
Com baixa natalidade, falta de mão-de-obra e crescimento econômico, país estima precisar de 680 mil estrangeiros
Alvo maior é trabalhador especializado, mas gama é vasta e vai de astrônomos a encanadores; governo do Québec paga aula de francês
CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A MONTRÉAL
Na corrente contrária à de
grande parte da Europa, o Canadá está estimulando uma onda de imigração com o objetivo
de sanar o déficit de trabalhadores especializados no país.
O cálculo oficial, com base
em variáveis como a baixa taxa
de natalidade -uma média de
1,5 filho por mulher- , necessidade de força de trabalho e
crescimento econômico, é de
que sejam necessárias 680 mil
pessoas para suprir o mercado
canadense até 2009.
Um dos focos tradicionais de
atração de imigrantes, a Província do Québec estabeleceu
como meta trazer 48 mil trabalhadores no próximo ano -para este ano, a meta era de 46
mil, 2.000 a mais que em 2005.
O alvo são trabalhadores especializados, sobretudo profissionais liberais com alto nível
de escolaridade, que passam
por uma seleção rigorosa sob
responsabilidade do governo
provincial. Hoje 67% de toda a
imigração nessa região atende a
esse perfil econômico.
Um requisito essencial é falar
francês, língua tida como condição necessária para a integração no Québec. O governo, por
sua vez, se encarrega de pagar
aulas da língua ao imigrante.
"Construímos este país com
a imigração. Somos um povo
velho e precisamos de imigração para nos desenvolver", disse Lise Thériaut, ministra de
Imigração e Comunidades Culturais da Província de Québec. "Selecionamos pessoas jovens, que saibam falar francês,
que sejam qualificadas e que
correspondam às nossas necessidades de trabalhadores."
Flexibilização
Segundo Thériaut, estão em
estudo mudanças nos processos para atrair empregados para funções específicas, como
encanadores e padeiros, com
outra exigência de qualificação.
Isso já está ocorrendo nas
Províncias de Alberta e da Colúmbia Britânica, onde o crescimento das indústrias de petróleo, mineração e química
tem gerado déficits preocupantes de força de trabalho.
Em novembro, o governo canadense flexibilizou a contratação de trabalhadores temporários estrangeiros em mais de
170 áreas de atuação nessas
duas regiões, com o argumento
de que as empresas locais "estão tendo muita dificuldade para achar empregados".
A necessidade é de profissionais tão variados quanto engenheiros químicos, astrônomos,
encanadores, veterinários, joalheiros, motoristas e faxineiros.
Para contratar estrangeiros,
as empresas precisam realizar
extensas campanhas domésticas de recrutamento com o fim
de demonstrar que não há canadenses aptos ou disponíveis
para a função. As novas regras
reduzem os prazos para recrutamento.
Multiculturalismo
O Canadá recebe, em média,
250 mil novos imigrantes por
ano. Essa forte tradição migratória explica-se em parte pela
política de multiculturalismo
adotada pelo país desde 1971 e
que se transformou em lei em
1988.
Apenas em Montréal, a
maior cidade da Província de
Québec, convivem 125 diferentes nacionalidades -são 220
etnias em todo o país. Toronto,
na Província de Ontário, é tida
como a cidade mais multicultural: 20% da população é de origem estrangeira.
De acordo com Víctor Armony, professor de Sociologia
da Universidade de Québec em
Montréal, estima-se que em
2016 as "minorias visíveis"
(pessoas de origem asiática,
árabe e latino-americana) serão 20% da população.
"A imagem do "mosaico canadense", ou seja, de uma sociedade em que os diferentes grupos
mantêm e projetam sua identidade distinta, contrasta com o
modelo de caldeirão dos EUA,
onde se buscou mais a assimilação rápida e completa dos imigrantes", explica Armony.
A jornalista CAROLINA VILA-NOVA viajou a
convite do governo canadense
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