São Paulo, sábado, 26 de dezembro de 2009

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Vaticano revê segurança após ataque ao papa

Porta-voz ressalta, porém, impossibilidade de "risco zero" em aparições públicas de Bento 16, que não sofreu ferimentos

Agressora já havia tentado atacar o sumo pontífice há um ano; Berlusconi, que se recupera da agressão sofrida no dia 13, pede "fim do ódio"


"Osservatore Romano"/Reuters
O papa Bento 16 fala aos fiéis reunidos na praça de São Pedro, um dia após sofrer agressão quando rumava para a Missa doGalo

DA REDAÇÃO

O Vaticano disse ontem que pretende revisar as medidas de segurança após o ataque sofrido pelo papa Bento 16 momentos antes de celebrar a tradicional Missa do Galo, na véspera de Natal. O sumo pontífice, que chegou a ser derrubado depois de ser puxado pela agressora, não sofreu nenhum ferimento.
Exatamente um ano antes, a mesma pessoa, identificada pela polícia como a suíço-italiana Susanna Maiolo, 25 -que se vestia inclusive com o mesmo abrigo vermelho-, havia tentado chegar ao papa, mas foi então impedida pela segurança. A reincidência gerou questionamentos sobre a eficácia do esquema de segurança que cerca atualmente o chefe da Igreja Católica. O Vaticano, no entanto, alega ser inviável obter "risco zero" nas aparições públicas de Bento 16 devido ao caráter popular dos atos que celebra.
O ataque ocorreu na praça de São Pedro, quando o papa fazia o percurso em meio a fiéis antes de proferir a missa na basílica de São Pedro. Logo no início do trajeto, a agressora se atirou sobre as barricadas que o separavam da multidão. Quando alcançada por guardas, agarrou-se às vestes de Bento 16, fazendo-o perder o equilíbrio e cair.
O sumo pontífice foi retirado do local sem apresentar quaisquer ferimentos, e Susanna Maiolo, tida como "instável" e com um histórico de problemas psiquiátricos, foi imediatamente levada a uma clínica para tratamento. Ontem, a agressora afirmou ao jornal italiano "La Reppublica" que "não queria fazer mal [ao papa Bento 16]".
"Parece que eles [os seguranças] intervieram o mais rapidamente possível em uma situação na qual "risco zero" não pode ser obtido", disse Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano. Mas autoridades de segurança revisarão o episódio para "aprender com a experiência". Embora o papa tenha saído ileso, o cardeal francês e diplomata do Vaticano aposentado Roger Etchegaray, 87, fraturou o quadril no tumulto decorrente do incidente e passará por cirurgia nos próximos dias.
Analistas têm alertado para o que consideram uma superexposição do papa, que costuma interagir com o público em atos semanais no Vaticano. O acesso ao local, tido como pouco rigoroso, se resume a revistas e detectores de metais. A segurança de Bento 16 é feita pela tradicional Guarda Suíça e policiais do próprio Vaticano e italianos.
Há dois anos, dúvidas sobre a segurança do papa já haviam sido levantadas quando um alemão, também com "problemas mentais", jogou-se sobre a traseira do "papa-móvel" -blindado apenas em aparições no exterior-, antes de ser contido.

Coincidência
O ataque a Bento 16 motivou comparações com a agressão sofrida no dia 13 pelo premiê italiano, Silvio Berlusconi. No episódio, o líder conservador foi atingido com uma minirréplica da catedral do Duomo logo após discurso em Milão. A investida contra o premiê lhe custou uma fratura no nariz e dois dentes quebrados, além de quatro dias de internação para "observação" e um "repouso" de duas semanas.
Comentando ataque ao papa, Berlusconi afirmou ontem ser preciso "pôr fim a essa fábrica de mentiras, ódio e extremismo" em declaração à TV TG1.

Com agências internacionais

Veja o momento do ataque ao papa Bento 16
www.folha.com.br/093591


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