|
Próximo Texto | Índice
Vaticano revê segurança após ataque ao papa
Porta-voz ressalta, porém, impossibilidade de "risco zero" em aparições públicas de Bento 16, que não sofreu ferimentos
Agressora já havia tentado atacar o sumo pontífice há um ano; Berlusconi, que se recupera da agressão sofrida no dia 13, pede "fim do ódio"
"Osservatore Romano"/Reuters
![](../images/e2612200901.jpg) |
|
O papa Bento 16 fala aos fiéis reunidos na praça de São Pedro, um dia após sofrer agressão quando rumava para a Missa doGalo
DA REDAÇÃO
O Vaticano disse ontem que
pretende revisar as medidas de
segurança após o ataque sofrido pelo papa Bento 16 momentos antes de celebrar a tradicional Missa do Galo, na véspera
de Natal. O sumo pontífice, que
chegou a ser derrubado depois
de ser puxado pela agressora,
não sofreu nenhum ferimento.
Exatamente um ano antes, a
mesma pessoa, identificada pela polícia como a suíço-italiana
Susanna Maiolo, 25 -que se
vestia inclusive com o mesmo
abrigo vermelho-, havia tentado chegar ao papa, mas foi então impedida pela segurança.
A reincidência gerou questionamentos sobre a eficácia do
esquema de segurança que cerca atualmente o chefe da Igreja
Católica. O Vaticano, no entanto, alega ser inviável obter "risco zero" nas aparições públicas
de Bento 16 devido ao caráter
popular dos atos que celebra.
O ataque ocorreu na praça de
São Pedro, quando o papa fazia
o percurso em meio a fiéis antes de proferir a missa na basílica de São Pedro. Logo no início
do trajeto, a agressora se atirou
sobre as barricadas que o separavam da multidão. Quando alcançada por guardas, agarrou-se às vestes de Bento 16, fazendo-o perder o equilíbrio e cair.
O sumo pontífice foi retirado
do local sem apresentar quaisquer ferimentos, e Susanna
Maiolo, tida como "instável" e
com um histórico de problemas
psiquiátricos, foi imediatamente levada a uma clínica para tratamento. Ontem, a agressora
afirmou ao jornal italiano "La
Reppublica" que "não queria
fazer mal [ao papa Bento 16]".
"Parece que eles [os seguranças] intervieram o mais rapidamente possível em uma situação na qual "risco zero" não pode ser obtido", disse Federico
Lombardi, porta-voz do Vaticano. Mas autoridades de segurança revisarão o episódio para
"aprender com a experiência".
Embora o papa tenha saído
ileso, o cardeal francês e diplomata do Vaticano aposentado
Roger Etchegaray, 87, fraturou
o quadril no tumulto decorrente do incidente e passará por cirurgia nos próximos dias.
Analistas têm alertado para o
que consideram uma superexposição do papa, que costuma
interagir com o público em atos
semanais no Vaticano. O acesso
ao local, tido como pouco rigoroso, se resume a revistas e detectores de metais. A segurança
de Bento 16 é feita pela tradicional Guarda Suíça e policiais
do próprio Vaticano e italianos.
Há dois anos, dúvidas sobre a
segurança do papa já haviam sido levantadas quando um alemão, também com "problemas
mentais", jogou-se sobre a traseira do "papa-móvel" -blindado apenas em aparições no
exterior-, antes de ser contido.
Coincidência
O ataque a Bento 16 motivou
comparações com a agressão
sofrida no dia 13 pelo premiê
italiano, Silvio Berlusconi. No
episódio, o líder conservador
foi atingido com uma minirréplica da catedral do Duomo logo após discurso em Milão.
A investida contra o premiê
lhe custou uma fratura no nariz
e dois dentes quebrados, além
de quatro dias de internação
para "observação" e um "repouso" de duas semanas.
Comentando ataque ao papa,
Berlusconi afirmou ontem ser
preciso "pôr fim a essa fábrica
de mentiras, ódio e extremismo" em declaração à TV TG1.
Com agências internacionais
Veja o momento do ataque
ao papa Bento 16
www.folha.com.br/093591
Próximo Texto: Após agressão, Bento 16 prega "generosidade" Índice
|