São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 2001
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ESCÂNDALO Medida causou críticas da opinião pública Congresso do Peru desativa comissão legislativa que investiga Montesinos DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS Quando preparava novas denúncias contra importantes figuras políticas peruanas, a comissão legislativa que investiga Vladimiro Montesinos foi surpreendentemente desativada pelo Congresso, o que causou uma onda de críticas da opinião pública peruana. Montesinos, hoje foragido, foi chefe informal do serviço secreto durante o governo do ex-presidente Alberto Fujimori, que está no Japão desde que foi deposto pelo Congresso, em novembro. A comissão, que tenta esclarecer a origem da fortuna de Montesinos desde novembro, havia acusado vários altos funcionários do governo de Fujimori de envolvimento com Montesinos. O ex-assessor de Fujimori é acusado de, entre outros delitos, enriquecimento ilícito e corrupção de funcionários públicos. "Quero manifestar minha indignação e minha surpresa. Com isso, quem é favorecido? A máfia fujimorista, todos os corruptos e todos os políticos que temem que o país se livre dessa máfia, que se infiltrou em todo o país", disse Juan Paz, morador de Lima. Segundo as investigações, Montesinos havia construído uma rede de corrupção que atingia o Judiciário, o sistema eleitoral, o Congresso e as Forças Armadas. David Waisman, presidente da comissão legislativa, afirmou que sua desativação é uma "traição" e uma "confabulação". Anteontem à noite, o congressista Daniel Nuñes pediu que a comissão fosse reestruturada, pois Waisman é candidato a vice-presidente do país pela chapa Peru Possível e o vice-presidente da comissão, Ernesto Gamarra, está suspenso por 120 dias por estar envolvido num suposto suborno. "É vergonhoso que nos impeçam de descobrir a verdade. Trata-se de uma confabulação do Congresso contra o Peru", disse ontem Waisman. A iniciativa foi aprovada por 37 votos a favor, 30 contra e 14 abstenções. A indicação dos novos membros da comissão foi suspensa por tempo indeterminado. Mercedes Cabanillas, do Partido Aprista, explicou que votou a favor da reestruturação da comissão porque ela não levava em conta a proporção das bancadas partidárias no Congresso peruano. Para Waisman, a desativação da comissão demonstrou que Montesinos ainda controla uma parte importante do Congresso. Waisman disse que a comissão vinha preparando denúncias contra "pessoas do mais alto nível" do Legislativo. Com os demais membros da comissão, ele foi anteontem à sede do Serviço de Inteligência Nacional. Ele disse que algumas das 1.600 fitas de vídeo encontradas no local foram confiscadas. Uma delas conteria o testemunho de um narcotraficante que, supostamente, compromete pessoas ligadas a Montesinos, que já haviam sido ouvidas pela comissão. Luis Chang Ching, outro membro da comissão, lamentou que, com a desativação do grupo, as denúncias que vinham sendo preparadas não serão apresentadas no Congresso. Texto Anterior: Multimídia - TV Nacional: General contesta versão de ex-ditador Próximo Texto: Oriente Médio: Barak diz ser "impossível" atingir acordo com palestinos até eleição Índice |
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