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São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Ofensiva, a dois dias de eleições, foi resposta a disparos de mísseis

Incursão de Israel em Gaza mata 12

DA REDAÇÃO

Em uma grande ofensiva a apenas dois dias das eleições gerais em Israel, 12 atiradores palestinos foram mortos ontem em troca de tiros com o Exército israelense, que invadiu a Cidade de Gaza em busca de fábricas de armamentos. Outros 67 palestinos ficaram feridos na operação. A incursão foi uma resposta ao disparo de foguetes Qassam, de curto alcance, em direção à cidade de Sderot, no sul do deserto do Neguev, perto de Gaza, na sexta-feira.
Em um outro incidente, um garoto palestino de 7 anos foi morto e seu irmão de 6 ficou ferido por tiros do Exército enquanto brincavam perto de um posto militar nas proximidades do campo de refugiados de Rafah, no sul da faixa de Gaza, segundo parentes. O Exército disse que não mantém forças na área, mas que estava investigando o incidente.
Em Belém, na Cisjordânia, um burro carregado com explosivos foi detonado perto de um posto de controle do Exército, sem causar danos, segundo a polícia.
Israel bloqueou ontem as saídas da Cisjordânia e da faixa de Gaza. O ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, advertiu sobre uma possível "onda de terror" durante as eleições e disse não descartar uma possível reocupação militar de toda a faixa de Gaza, onde vivem 1 milhão de palestinos.
Os ataques à Cidade de Gaza começaram pouco após as 22h de sábado (18h de Brasília) e terminaram somente ontem de manhã. Após a retirada das tropas israelenses, cerca de 30 mil palestinos saíram às ruas em procissão com os 12 corpos dos atiradores mortos -o maior número de vítimas em Gaza nos últimos cinco meses.
Segundo os palestinos, apenas sete das cerca de 130 lojas e empresas destruídas no ataque eram fábricas de metal. Os militares dizem ter destruído mais de cem tornos mecânicos usados para fazer armas e descoberto vários foguetes e mísseis antitanques.
"Os israelenses pagarão um alto preço por cada gota de sangue derramada na última noite", afirmou Abdel Aziz Rantisi, dirigente do grupo extremista islâmico Hamas. "Nossa batalha continuará até que arranquemos pela raiz essa ocupação sionista de nossa terra sagrada, não importa qual seja o sacrifício", disse.
Os palestinos acusaram o primeiro-ministro Ariel Sharon de ordenar a operação de ontem em Gaza -a mais intensa na cidade desde o início da Intifada (levante palestino), em 2000- por motivações eleitoreiras. A Liga Árabe, com sede no Egito, também chamou a incursão de "escalada feita pelo governo israelense para servir aos seus interesses eleitorais".
Segundo uma pesquisa publicada ontem, o Likud (direita), partido de Sharon, elegeria 30 dos 120 deputados do Parlamento, contra 19 do opositor Partido Trabalhista. O centrista Shinui ficaria com 13 cadeiras.
Em Davos, na Suíça, onde participava ontem do Fórum Econômico Mundial, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse que a criação de "um Estado palestino democrático e viável" será possível em 2005 se os palestinos "abdicarem do terrorismo". Ele pediu ainda a Israel a paralisação nas construções de novos assentamentos judaicos em áreas palestinas. "Quando for criado, o Estado palestino deve ser um Estado real, não um Estado falso dividido em milhares de pedaços", disse.


Com agências internacionais

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