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DIPLOMACIA
Secretário dos EUA diz que situação é preocupante
Powell critica falta de democracia na Rússia, mas saúda boas relações
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, afirmou ontem que
o estado da democracia russa tem
provocado preocupação nos
EUA, no que constituiu a crítica
mais veemente de um alto funcionário americano à centralização
do poder, na Rússia, nas mãos do
presidente Vladimir Putin.
Num artigo publicado na primeira página do diário russo "Izvestia" -no dia em que começava sua visita à Rússia-, Powell
disse que a política russa nem
sempre é regida pelas normas do
Estado de Direito e deixou claro
que os laços russo-americanos só
poderão continuar a ser desenvolvidos se os dois países compartilharem os mesmos valores.
Mais tarde, em reunião com Putin (que deverá obter a reeleição
em março, pois tem 78% das intenções de voto), todavia, Powell
foi bem mais diplomático, ressaltando a importância da amizade e
da cooperação entre ambos os
países. De acordo com Andrew
Bennett, especialista em Rússia da
Universidade de Georgetown
(EUA), essa ambigüidade de
Washington não é uma surpresa.
"Os EUA demoraram a expressar claramente uma posição contrária às arbitrariedades existentes na Rússia atualmente. Até
pouco antes do 11 de Setembro,
Washington não deixava de criticar Moscou por seus abusos na
Tchetchênia. Depois dos atentados terroristas, os americanos
passaram a ter outras prioridades,
e a colaboração da Rússia na guerra ao terrorismo tornou-se mais
importante que "questões internas'", explicou Bennett à Folha.
"Com isso, as autoridades russas acreditaram que ninguém,
além de organizações de defesa
dos direitos humanos, fosse ingerir em seus assuntos e passaram a
agir de modo cada vez mais autoritário. Hoje praticamente não há
mais imprensa livre na Rússia, e
grandes empresários que ameaçam a posição do Kremlin são encarcerados por razões políticas."
"Assim, os EUA se viram compelidos a tomar uma posição.
Contudo Washington ainda precisa da ajuda de Moscou em várias questões geopolíticas de peso,
como a Coréia do Norte, o Irã e a
guerra ao terrorismo nas ex-repúblicas soviéticas, não podendo,
portanto, bater de frente com as
autoridades russas", acrescentou.
Em seu artigo, Powell expressou
preocupação com a falta de liberdade de imprensa na Rússia e
com a influência do Executivo no
Legislativo e no Judiciário. Ele criticou a política russa na Tchetchênia e, sem citar nenhum país, o
modo como Moscou interfere em
países próximos, provavelmente
aludindo à presença de forças russas na Moldova e na Geórgia.
Ademais, para Bennett, os EUA
vêm sendo "pressionados a ter
uma posição mais equilibrada na
cena internacional". "Não se pode
exigir só dos inimigos certas atitudes. A falta de transparência na
Rússia vem fomentando protestos em parte do mundo islâmico,
já que os russos cometem abusos
contra muçulmanos", analisou.
Com agências internacionais
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