São Paulo, quinta, 27 de fevereiro de 1997.

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DENÚNCIA
Ex-presidente Carlos Salinas não é citado por mulher detida nos EUA desde 1992
Secretária acusa clã Salinas de tráfico

de Washington

O pai, o irmão e o cunhado do ex-presidente mexicano Carlos Salinas da Gortari estavam envolvidos no tráfico de drogas, segundo acusação de uma secretária da família.
Magdalena Ruiz Pelayo, que está presa nos EUA desde 1992, deu informações e documentos à Justiça norte-americana a respeito das atividades ilegais praticadas, segundo ela, pelos parentes de Salinas entre 1960 e 1990. Ela não inclui o ex-presidente, em exílio voluntário na Irlanda, nas acusações.
O caso aumenta especulações de que o México poderá perder a condição de parceiro dos EUA no combate ao narcotráfico.
Diversos parlamentares do governo e da oposição têm feito apelos ao presidente Bill Clinton nos últimos dois dias para rebaixar o México no relatório anual que ele apresenta sobre o estado do combate às drogas no mundo.
O ministro das Relações Exteriores do México, Ángel Gurría, disse ontem que se Clinton de fato punir o seu país, toda a futura cooperação com os EUA estará ameaçada. As pressões para que o México seja punido (o rebaixamento implica sanções econômicas) aumentaram depois de o chefe da agência mexicana de combate ao narcotráfico, general Jesús Gutiérrez Rebollo, ter sido preso sob a acusação de colaborar com os traficantes, dias após ter recebido extensivo briefing do governo dos EUA sobre o estado de investigações norte-americanas a respeito dos cartéis de drogas no México.
No governo dos EUA, há uma clara divisão entre o pessoal da segurança, entre eles o general Barry McCaffrey, o czar das drogas do país, e o da diplomacia. Os diplomatas acham que o rebaixamento do México, um ano após o da Colômbia, vai isolar ainda mais os EUA no hemisfério num momento em que as tensões a respeito do comércio no continente estão em alta e em que a consolidação do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) é considerada vital para os interesses do país.
A secretária do pai de Salinas é uma das diversas testemunhas com que o governo dos EUA conta para confiscar US$ 9 milhões que Mário Ruiz Massieu, irmão de José Francisco Ruiz Massieu (cunhado de Salinas), tinha depositados nos EUA em 1994.
José Francisco, segundo principal dirigente do partido do governo do México, foi assassinado em 1994. Seu irmão, Mário, que investigava o homicídio de José Francisco, depois foi acusado de envolvimento nele e está preso.
O irmão de Salinas, Raúl, está preso no México, acusado de corrupção. Salinas não foi acusado de nada ilegal. (CELS)

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