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Xiitas aceitam adiar eleições por 6 meses, mas pedem garantia da ONU
DA REDAÇÃO
Principal porta-voz da demanda xiita por eleições diretas ainda
neste semestre, o aiatolá Ali al Sistani concordou ontem com o
adiamento da votação popular
em seis meses e aceitou que o governo que assumir interinamente
em junho seja eleito por voto indireto. Mas o clérigo exigiu garantias da ONU para que o novo prazo seja cumprido.
O recuo aconteceu após a entidade, que enviou uma missão ao
país no início do mês, constatar
que não havia condições para organizar o pleito até 30 de junho,
data fixada pelos EUA para devolver a soberania aos iraquianos.
"O período durante o qual um
governo não eleito controlará este
país deve ser curto, de apenas alguns meses", afirmou Al Sistani
em um comunicado que pede
"garantias claras, como uma resolução do Conselho de Segurança
da ONU, para que os iraquianos
tenham certeza de que não haverá
mais adiamentos".
Os EUA sugeriram um complicado sistema de convenções regionais para escolher um governo
interino que assumiria o poder
até haver condições para organizar eleições diretas, possivelmente no fim de 2005. Mas o prazo para as diretas e o modelo de votação foram rechaçados pelos xiitas.
Convidada a desfazer o impasse, a ONU endossou a posição
americana sobre diretas a curto
prazo -antes da votação, é preciso recadastrar o eleitorado e promulgar uma nova Constituição.
Mas, no mesmo relatório, a entidade sugeriu mudanças na proposta de criação do governo interino, alegando não haver apoio ao
modelo defendido pelos EUA.
Majoritários, os xiitas, que passaram toda a ditadura de Saddam
Hussein (1979-2003) reprimidos
em prol da minoria sunita, vêem
nas diretas um meio de conquistar a hegemonia política. Sem seu
apoio -eles perfazem mais de
60% da população-, um governo dificilmente teria legitimidade.
Embora a data exigida por Al
Sistani esteja mais próxima do
que a sugerida pelos EUA, ela é
um ponto mais equilibrado entre
as duas propostas e mostra que,
sob a batuta da ONU, o impasse
eleitoral iraquiano caminha para
ser resolvido.
Segundo a ONU, há possibilidade de o pleito ocorrer neste ano,
contanto que os iraquianos formem imediatamente uma comissão eleitoral independente e obtenham rapidamente um consenso
político -duas condições improváveis. O mais plausível seria tentar organizar o pleito no início de
2005, como propôs o chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, o
americano Paul Bremer.
Falta de segurança
O enviado especial da ONU ao
Iraque para assuntos humanitários, Ross Mountain, chegou em
Bagdá para uma missão de avaliação. Sua primeira observação foi
dizer que a situação de segurança
no país piorou desde julho.
A ONU retirou todos os seus
funcionários estrangeiros do país
após sua sede bagdali ser alvo de
dois atentados, que ao todo mataram 24 pessoas.
Ontem, uma pessoa morreu em
um ataque com granadas-foguetes à sede da União Patriótica do
Curdistão, em Kirkuk (norte).
Com agências internacionais
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