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HAITI
Opositores exigem renúncia de Aristide, que rejeita deixar o poder; Brasil poderá enviar avião da FAB para resgatar brasileiros
Ataque à capital haitiana é iminente, afirmam rebeldes
DA REDAÇÃO
Os rebeldes haitianos que se
opõem ao presidente Jean-Bertrand Aristide disseram ontem
que um ataque contra a capital,
Porto Príncipe, para derrubar o
governo é iminente. Ontem, Cayes, a terceira maior cidade do
país, com 125 mil habitantes, caiu
sob controle dos opositores do
presidente, de acordo com a agência de notícias France Presse.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva autorizou ontem a ida de um
avião da FAB (Força Aérea Brasileira) com um destacamento de
fuzileiros navais e dois diplomatas para retirar brasileiros e sul-americanos da capital haitiana.
Segundo o Itamaraty, 28 brasileiros vivem no país, entre eles 19
freiras que trabalham em projetos
humanitários. A missão também
vai reforçar a segurança da Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. O Itamaraty não informou
quando o avião irá ao Haiti.
Também ontem, o secretário de
Estado americano, Colin Powell,
admitiu a hipótese de renúncia de
Aristide: "Ele é o presidente eleito
democraticamente, mas tem tido
dificuldades e creio que [...] deve
examinar se pode continuar efetivamente seu mandato".
Segundo Powell, Aristide deve
decidir "cuidadosamente considerando o que é melhor para o
povo do Haiti". O secretário de
Estado disse que os EUA podem
vir a participar de uma força internacional autorizada pela ONU.
No Conselho de Segurança da
ONU, a Caricom (comunidade
dos países do Caribe) pediu o envio urgente de uma força internacional. Mas tanto a ONU quanto
os EUA condicionam o envio de
uma força a um acordo entre
Aristide e a oposição.
Ontem, o secretário-geral da
ONU designou o diplomata Reginald Dumas, de Trinidad e Tobago, como seu enviado ao país.
Uma de suas missões será auxilar
na busca de uma solução pacífica.
Anteontem, a França culpou
Aristide pelo caos no Haiti e deu
indicações de que é favorável à renúncia do presidente.
A Guarda Costeira dos EUA
anunciou ter sob custódia cerca
de 500 haitianos apreendidos em
embarcações com destino à Flórida. Anteontem, um barco que levava ao menos 21 haitianos foi interceptado a 11 km de Miami. O
Haiti está a 970 km da costa da
Flórida.
Uma possível fuga em massa do
Haiti poderia se transformar num
problema para o governo americano em ano de eleição. Nos anos
90, milhares de haitianos deixaram o país durante outra crise envolvendo Aristide.
Exigência
"O ataque é iminente, e peço à
população que permaneça em casa quando atacarmos Porto Príncipe", disse Guy Philippe, um dos
líderes rebeldes, a uma rádio de
Cabo Haitiano -a segunda
maior cidade do país, também tomada pelos opositores. E acrescentou: "Aconselho o presidente
Aristide a deixar o palácio nacional imediatamente ou atacaremos
para capturá-lo."
Philippe foi chefe da polícia de
Aristide antes de romper com o
governo. Hoje faz parte do grupo
heterogêneo de ex-militares e
grupos armados que visam derrubar o presidente. O líder rebelde
disse ainda que pretende comemorar o seu 36º aniversário em
Porto Príncipe no domingo.
Aristide respondeu à ameaça
afirmando, em entrevista à rede
de TV CNN, que não deixará o
poder. "Não [deixarei o governo].
O Haiti não pode ir de um golpe
de Estado a outro golpe de Estado.
É vital para o país que um presidente eleito dê lugar a outro eleito. Deixarei o palácio em 7 de fevereiro de 2006 [quando encerra
o seu mandato], o que será bom
para a democracia", afirmou.
Mais de 60 pessoas morreram
no Haiti em confrontos envolvendo rebeldes e a polícia desde 5 de
fevereiro. O país não tem Exército, e a polícia haitiana é composta
por cerca de 5.000 homens mal
treinados. Muitos desertaram.
Lojas e escolas permaneceram
fechadas em Porto Príncipe. Militares americanos escoltaram funcionários da ONU e seus familiares até o aeroporto, onde se temia
o cancelamento de vôos.
Brasil envia resgate
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a ida de um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) com um destacamento de fuzileiros navais e dois diplomatas para retirar brasileiros e sul-americanos. A missão também vai reforçar a segurança da Embaixada do Brasil em Porto Príncipe. O Itamaraty não informou quando o avião irá ao Haiti.
Com agências internacionais
Colaborou a Sucursal de Brasília
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