São Paulo, quinta, 27 de março de 1997.

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DIPLOMACIA
Vice-presidente dos EUA alerta para risco de envolvimento chinês com doações ilegais
Al Gore discute Asiagate na China

JAIME SPITZCOVSKY
de Pequim

O vice-presidente americano, Al Gore, disse ontem em Pequim que as investigações sobre supostas doações ilegais do governo chinês ao Partido Democrata não devem afetar a atual reaproximação entre EUA e China. Mas se houver provas do envolvimento chinês, a ``questão será bastante séria''.
O diário ``The Washington Post'' publicou reportagem sobre um aviso do FBI (polícia federal norte-americana) a seis políticos dos Estados Unidos que teriam sido escolhidos como alvo por Pequim para receberem doações ilegais para suas campanhas.
O ``escândalo das doações'', também chamado de Asiagate, se ampliou com as acusações de que os democratas teriam recebido dinheiro de empresários estrangeiros, ligados ao governo chinês. Esses recursos teriam sido usados na campanha para a reeleição do presidente Bill Clinton, em 1996.
A lei dos EUA proíbe doações de governos, empresas ou cidadãos estrangeiros que tenham objetivos políticos. Ainda não apareceram provas do envolvimento da China.
Mas o ``escândalo das doações'' desceu como uma ameaça sobre os esforços de Washington para se reaproximar de Pequim, a fim de abandonar a confrontação que marcou 1995 e o começo de 1996.
Gore discutiu as supostas doações com o premiê chinês, Li Peng. A China rejeita as acusações.
Gore, que chegou a Pequim na segunda-feira para visita de quatro dias, é o mais importante dirigente norte-americano a vir à China desde o massacre, em 1989, do movimento pró-democracia da praça Tiananmen, na capital chinesa.
Reaproximação
Sua visita busca acelerar a reaproximação Washington-Pequim. Gore afirmou que seu encontro de ontem com o presidente chinês, Jiang Zemin, serviu para convencê-lo de que a China está disposta ``a abrir mais seu mercado a produtos norte-americanos e está mais aberta para discutir direitos humanos'', duas áreas de conflito entre Washington e Pequim.
Gore disparou uma farpa contra o governo comunista chinês. Em discurso a universitários chineses, disse que o livre debate e ``até mesmo desafios às instituições'' são instrumentos para a criação de mundo atual, modelado ``pelas forças do livre mercado''.
Anteontem, Gore presenciou a assinatura de dois acordos que abrem oportunidades para empresas dos EUA na China. A Boeing acertou a venda de cinco aviões, enquanto a General Motors selou a formação de uma joint venture (empresa mista) para produzir carros em Xangai.

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