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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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NOVA FRENTE

Maior movimento dos EUA na região tenta abrir passagem para Bagdá e conter turcos

Mil pára-quedistas pousam no norte

DA REDAÇÃO

Cerca de mil pára-quedistas americanos aterrissaram no norte do Iraque ontem, no primeiro movimento de tropas significativo na região a partir da qual os planejadores da invasão tentam abrir uma nova frente na guerra contra Saddam Hussein -e conter as tropas turcas que ameaçam entrar no Iraque.
Uma unidade da 173ª Brigada Aerotransportada, baseada em Vicenza, Itália, foi para o norte do Iraque ontem à noite, segundo o tenente-coronel Thomas Collins, porta-voz da força-tarefa do Exército dos EUA no sul da Europa.
"Este é o começo da frente norte", disse à agência Reuters um oficial norte-americano. Os pára-quedistas pousaram numa base aérea no norte do país, cuja localização não foi revelada pelos militares americanos.
Um outro oficial afirmou que equipamento e armamentos, incluindo tanques e veículos blindados, seriam logon enviados para a 173ª Brigada, conhecida como os "Soldados do Céu".
O norte do Iraque é controlado pelos curdos, inimigos do regime de Saddam Hussein e da Turquia. Os turcos têm criado atritos com os EUA ao ameaçar mandar 40 mil soldados para o Curdistão iraquiano. Ancara já tem cerca de 4.000 soldados no norte do Iraque, resquícios de sua guerra contra os separatistas curdos.
O governo da Turquia diz que o objetivo das tropas é conter um fluxo maciço de refugiados, como o que saiu do Iraque em 1991, após a Guerra do Golfo.
No entanto, os EUA e outros aliados do país na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) temem que Ancara use sua força militar na área para esmagar qualquer onda de separatismo curdo. O presidente americano, George W. Bush, acredita que a presença turca no norte do Iraque possa desestabilizar a frente norte da guerra contra Bagdá, causando incidentes de fogo amigo e, o que é pior, incitando os curdos -amigáveis às tropas invasoras- a uma reação armada.
A Turquia chegou a propor uma zona-tampão militar de 20 km dentro do norte do Iraque, mas a Otan afirmou que isso só se justificaria se houvesse uma real crise humanitária na região. Até agora, diz, não parece ser o caso.
Collins também não disse se os soldados haviam partido diretamente da Itália para o Iraque -e se isso violava os temos da participação italiana na guerra- ou tomado um outro caminho. Apesar disso, a partida da unidade gerou controvérsias na Itália, onde há uma forte de oposição à invasão.

Pressão total
O secretário da defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que o movimento aumenta a pressão sobre o governo iraquiano.
"Nós estamos aumentando o número de tropas no país a cada dia. Estamos aumentando no norte, no sul e no oeste", afirmou.
Os oficiais não disseram quantos soldados no total tomariam parte da frente norte de invasão.
O estabelecimento dessa linha de ataque a Saddam Hussein era um elemento importante do plano de guerra dos Estados Unidos, mas tem sido frustrado por acontecimentos diplomáticos. A idéia é forçar os militares iraquianos a lutar em frentes múltiplas, evitando, assim, que o Exército do ditador iraquiano concentre fogo quase exclusivamente nas forças da coalizão anglo-americana que avançam a partir do Kuait.
Uma divisão de alta tecnologia dos EUA, 4ª de Infantaria, tinha sido originalmente escalada para partir da Turquia e liderar a invasão do norte iraquiano. Mas a Turquia negou aos EUA permissão para lançar tropas a partir de seu território, forçando os americanos a buscar um arranjo alternativo para a frente norte.
A 4ª Divisão de Infantaria deve voar para a região do Golfo nos próximos dias. Entre outras coisas, deve assegurar controle dos poços de petróleo da região.


Com agências internacionais


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