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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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FUTURO

Em reunião de cúpula, o britânico teria concordado com um governo civil americano

Bush e Blair discutem pós-guerra

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Em encontro ontem com Tony Blair, o presidente George W. Bush teria convencido o primeiro-ministro britânico de que os EUA devem controlar totalmente o Iraque antes de entregar o país a uma administração respaldada pelas Nações Unidas.
A reunião ocorreu em Camp David, a casa de campo da Presidência dos EUA, horas depois de Bush ter visitado uma base militar, onde disse que a guerra contra o Iraque está "longe do seu fim" e que "as batalhas mais duras" ainda estão por vir.
Blair, segundo um correspondente do jornal britânico "The Independent", teria concordado com um governo civil e americano no Iraque comandado pelo general reformado Jay Garner.
Pelo plano dos dois líderes, a nova administração agiria para "estabilizar" o país. Só então EUA e Reino Unido tentariam obter uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para que o órgão administrasse o Iraque e liberasse fundos para a reconstrução.
O fato de a França e a Rússia terem se posicionado contra uma resolução na ONU para autorizar a guerra contra o Iraque teria pesado nos argumentos de Bush para que Blair aceitasse a proposta.
Hoje, os dois líderes devem dar uma entrevista detalhando o resultado das conversas.
Em sua visita de ontem à base militar de McDill, na Flórida, Bush almoçou em um "bandejão" com centenas de militares e tentou baixar as expectativas em relação ao final da guerra.
A bordo do Air Force One entre Washington e Tampa, Bush retirou do discurso que faria às tropas a seguinte frase: "Nosso progresso (na guerra) está mais adiantado do que prevíamos".
Enquanto comia no café da manhã do avião "Freedom Toasts" (torradas da liberdade) no lugar de "French toasts" (torradas francesas), como o próprio menu indicava, Bush modificou a sentença para: "Nossos militares estão fazendo um bom progresso no Iraque, mas esta guerra ainda está longe de seu fim".
Mesmo assim, centenas de militares da base aérea de McDill, onde funciona o Comando Central das Forças Armadas dos EUA, aplaudiram o presidente. Bush vem empreendendo há dias um esforço para diminuir a ansiedade dos norte-americanos e para demostrar apoio aos militares.
"Nós vamos continuar em nosso passo, milha por milha, até Bagdá e a nossa vitória", disse o presidente dos EUA. "Dia após dia Saddam Hussein está perdendo sua força no Iraque. Dia após dia o povo do Iraque está mais próximo de sua liberdade".
Após as primeiras baixas de soldados norte-americanos em combate, pesquisas de opinião mostraram que despencou de 71%, na semana passada, para 38% a percentual dos que acham que os EUA estão se saindo bem na guerra contra o Iraque.
Durante seu discurso, Bush afirmou que estava "honrado" de ser o comandate-em-chefe das Forças Armadas dos EUA e fez questão de frisar a participação de outros países ao lado dos EUA nesta guerra.


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