DA REDAÇÃO

Depois de reforçar a oposição dentro da ONU (Organização das Nações Unidas) e condenar a ação anglo-americana no Iraque, a Rússia acusou os Estados Unidos de "tentarem destruir o Iraque" usando uma retórica de paz e "desafiando todos os países".
"Ficou claro que as tentativas [dos EUA" de apresentar a ação militar no Iraque como uma marcha para a libertação do povo iraquiano estão longe da realidade", disse ontem o ministro russo das Relações Exteriores, Igor Ivanov, em discurso ao Parlamento. "De que democracia falam quando tentam destruir o Iraque?"
O ministro ainda recomendou à coalizão anglo-americana que "não faça acusações sem provas" para justificar a ação militar.

Atritos ameaçam tratado
As relações entre os dois países, já tensas no último ano, pioraram com o início da guerra, no dia 20.
Ontem, congressistas russos propuseram adiar a ratificação do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, que determina a redução dos arsenais nucleares em dois terços até 2012.
O acordo foi aprovado pelos presidentes Vladimir Putin e George W. Bush e pelo Congresso dos EUA, mas precisa ainda passar pelo Parlamento russo.
"Talvez agora não seja o melhor momento psicológico para a ratificação", disse Ivanov.
O governo norte-americano tem levantado dúvidas sobre a posição da Rússia -que é credora do Iraque- e nesta semana acusou as empresas russas Aviakonversiya e KBP Tula de violar as sanções da ONU vendendo ao Iraque equipamentos de guerra.
As duas empresas negaram, e o governo russo rebateu dizendo que os EUA tentam envolver a Rússia numa "guerra de informações". Ainda assim, Ivanov enfatizou que Moscou pretende manter boas relações com Washington.