São Paulo, sábado, 27 de março de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Membros do Hamas são mortos durante ataque frustrado a assentamento; Israel diz que Arafat não é alvo

Islâmicos protestam pelo mundo por morte de Yassin

DA REDAÇÃO

Do Egito à Indonésia, passando por Irã, Iraque e Paquistão, milhares de árabes e muçulmanos aproveitaram a sexta-feira, dia sagrado do islã, para promover protestos contra Israel e os EUA pela morte do xeque Ahmed Yassin, líder do grupo terrorista palestino Hamas morto em ataque israelense na última segunda-feira.
No Egito, policias impediram centenas de fiéis reunidos numa mesquita no Cairo de sair às ruas após a oração."Existe apenas um Deus, e Bush é o inimigo de Deus", repetiam os fiéis, em referência ao presidente norte-americano, George W. Bush.
Na Jordânia, cerca de 2.000 pessoas protestaram no campo de refugiados palestino de Al Wahadate, nos subúrbios de Amã. Segundo testemunhas, a polícia impediu que os manifestantes saíssem do campo em passeata.
Em Teerã, milhares protestaram contra "o terrorismo do regime sionista" e exaltaram a Intifada (levante palestino contra Israel). Foram queimadas bandeiras dos EUA e de Israel.
Em Bagdá, centenas de xiitas organizaram uma marcha fúnebre em volta de um caixão vazio coberto pela bandeira palestina.
Na Cisjordânia, duas manifestações reuniram 9.000 pessoas. Um caixão com a inscrição "fim a Israel" foi queimado.

Arafat não é alvo
O governo do premiê Ariel Sharon garantiu aos EUA que não tentará assassinar o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, informou ontem a rádio estatal israelense.
Na última terça-feira, o chefe das Forças Armadas de Israel, Moshe Yaalon, insinuou que Arafat e o líder do grupo extremista islâmico libanês Hizbollah, xeque Hassan Nasrallah, também poderiam ser atacados.
Ontem, líderes palestinos acusaram os EUA de dar a Israel uma "licença para matar" ao vetar uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando Israel pela morte de Yassin. Dos 15 membros do órgão, 11 votaram anteontem a favor da resolução, entre os quais o Brasil. Outros três países se abstiveram.
"Temo que esse veto dos EUA seja entendido por Israel como um encorajamento para continuar no caminho da violência, dos assassinatos e da reocupação [dos territórios palestinos]", disse à agência Reuters Saeb Erekat, principal negociador da ANP.

Ataque frustrado
Dois militantes palestinos foram mortos anteontem à noite por soldados israelenses após chegarem a um assentamento em Gaza nadando pelo mar Mediterrâneo vestidos com roupas de mergulhador. Em seguida, dispararam contra moradores da colônia. O Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque frustrado.
"O ataque ao assentamento é o primeiro de operações que farão a terra tremer", disse em nota o grupo terrorista palestino.
Na Cisjordânia, um palestino morreu após seu carro explodir. Aparentemente, levava explosivos para cometer um atentado.
Bush e Sharon devem se encontrar no próximo dia 14 de abril para discutir a situação no Oriente Médio e o plano do israelense de uma retirada unilateral de Gaza.
Dois dias antes de se reunir com Sharon, Bush receberá o presidente egípcio, Hosni Mubarak, em seu rancho no Texas. O americano também deve se encontrar nas próximas semanas com o rei Abdullah, da Jordânia.


Com agências internacionais


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