São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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Abstenção marca plebiscito que endurece regime egípcio

Oposição boicota a votação de emendas que ampliam os poderes de Mubarak

Participação chegou perto de 30%, para governo, e não passou de 5%, para grupos de direitos humanos, que apontaram irregularidades

DA REDAÇÃO

A maioria das seções eleitorais do Egito ficou vazia ontem para o plebiscito sobre as reformas constitucionais propostas pelo governo, consideradas por grupos de direitos humanos um novo golpe à democracia no país. Fontes governamentais estimaram a participação entre 23% e 27% do eleitorado, mas a oposição afirma que o índice não passou de 5%.
A alta abstenção não compromete os resultados, uma vez que a lei eleitoral egípcia não exige um índice mínimo de comparecimento para validar uma votação. Mas sugere que o boicote convocado pela oposição pode ter surtido efeito.
Além da apatia e do baixo comparecimento, a votação foi marcada por denúncias de fraude e pela confusão em torno das emendas, que reformam um sexto dos 211 artigos da Constituição egípcia e foram levadas a plebiscito apenas uma semana depois de aprovadas no Parlamento.
"Juro por Deus, não sei no que estou votando", disse Hassan Abdel Salaam, pintor de paredes que depositou seu voto na capital por medo de represálias. "Se não tivesse votado eu poderia ter problemas. Tenho cinco filhos e moramos todos em um quarto."
Grupos de direitos humanos e observadores independentes disseram ter visto funcionários do regime depositando cédulas falsas para aumentar artificialmente o índice de participação. Um segurança que trabalhou em uma seção eleitoral no Cairo contou à Associated Press que funcionários do Ministério do Interior ordenaram a membros do partido do governo que depositassem 500 votos cada.

Reforma "democrática"
Mubarak defende a aprovação das emendas como parte de uma "reforma democrática", num país que governa há 25 anos sob estado de emergência.
Entre as 34 emendas propostas, há uma que proíbe atos e partidos políticos religiosos, uma que suspende a supervisão das eleições pela Justiça e outra que concede poderes especiais ao governo na luta contra o terrorismo. O Egito está oficialmente em estado de emergência desde o assassinato de Anuar Sadat, antecessor de Mubarak, em 1981.
Para a Anistia Internacional, as emendas "transformam em lei permanente os poderes especiais de emergência que têm sido usados para violar os direitos humanos".


Com agências internacionais


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