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Abstenção marca plebiscito que endurece regime egípcio
Oposição boicota a votação de emendas que ampliam os poderes de Mubarak
Participação chegou perto de 30%, para governo, e não passou de 5%, para grupos de direitos humanos, que apontaram irregularidades
DA REDAÇÃO
A maioria das seções eleitorais do Egito ficou vazia ontem
para o plebiscito sobre as reformas constitucionais propostas
pelo governo, consideradas por
grupos de direitos humanos
um novo golpe à democracia no
país. Fontes governamentais
estimaram a participação entre
23% e 27% do eleitorado, mas a
oposição afirma que o índice
não passou de 5%.
A alta abstenção não compromete os resultados, uma vez
que a lei eleitoral egípcia não
exige um índice mínimo de
comparecimento para validar
uma votação. Mas sugere que o
boicote convocado pela oposição pode ter surtido efeito.
Além da apatia e do baixo
comparecimento, a votação foi
marcada por denúncias de
fraude e pela confusão em torno das emendas, que reformam
um sexto dos 211 artigos da
Constituição egípcia e foram
levadas a plebiscito apenas
uma semana depois de aprovadas no Parlamento.
"Juro por Deus, não sei no
que estou votando", disse Hassan Abdel Salaam, pintor de paredes que depositou seu voto
na capital por medo de represálias. "Se não tivesse votado eu
poderia ter problemas. Tenho
cinco filhos e moramos todos
em um quarto."
Grupos de direitos humanos
e observadores independentes
disseram ter visto funcionários
do regime depositando cédulas
falsas para aumentar artificialmente o índice de participação.
Um segurança que trabalhou
em uma seção eleitoral no Cairo contou à Associated Press
que funcionários do Ministério
do Interior ordenaram a membros do partido do governo que
depositassem 500 votos cada.
Reforma "democrática"
Mubarak defende a aprovação das emendas como parte de
uma "reforma democrática",
num país que governa há 25
anos sob estado de emergência.
Entre as 34 emendas propostas, há uma que proíbe atos e
partidos políticos religiosos,
uma que suspende a supervisão
das eleições pela Justiça e outra
que concede poderes especiais
ao governo na luta contra o terrorismo. O Egito está oficialmente em estado de emergência desde o assassinato de
Anuar Sadat, antecessor de
Mubarak, em 1981.
Para a Anistia Internacional,
as emendas "transformam em
lei permanente os poderes especiais de emergência que têm
sido usados para violar os direitos humanos".
Com agências internacionais
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