São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Coalizão opositora vence eleições no Iraque

Aliança liderada pelo ex-premiê Iyad Allawi obtém 91 cadeiras no Parlamento e terá de negociar para formar governo

Atual premiê, Nuri al Maliki, promete contestar derrota utilizando os meios legais, para que a transição seja "pacífica e transparente"


DA REDAÇÃO

A coalizão liderada pelo ex-premiê Iyad Allawi conquistou o maior número de cadeiras nas eleições parlamentares de 7 de março no Iraque, anunciou ontem a Comissão Eleitoral Independente. Mas o atual premiê, Nuri al Maliki -que tenta a reeleição-, disse que contestará o resultado.
A vitória foi apertada: a coalizão Iraqyia, de Allawi, terá 91 das 325 cadeiras do Conselho de Representantes, enquanto a Coalizão para o Estado de Direito, de Maliki, terá 89.
Já a xiita Aliança Nacional Iraquiana, ligada ao Irã e que inclui o clérigo radical Moqtada al Sadr, ficou com 70 cadeiras. A Aliança Curda e o Gorran -também curdo- obtiveram 51 cadeiras. Os demais partidos ficaram com nove cadeiras. As outras 15 são compensatórias e não são disputadas em eleições.
O resultado deixa em evidência a profunda divisão sectária do Iraque. Maliki conta com amplo apoio entre a maioria xiita, mas tem tentado mostrar-se como um nacionalista que ajudou a estabilizar o país.
O banimento de mais de 500 candidatos ligados ao regime de Saddam Hussein, porém, cortou parte do apoio que recebia de sunitas, que sentiram-se injustiçados e passaram a apoiar Allawi, xiita que construiu uma extensa coalizão entre os dois grupos islâmicos.
Com uma retórica contrária ao Irã, Allawi -premiê entre 2004 e 2005- também conseguiu atrair os sunitas contrários à influência de Teerã sobre o governo do xiita Maliki.
Logo após o anúncio da comissão eleitoral, o premiê afirmou que não irá aceitar o resultado e irá contestá-lo pelos meios legais, "para transferir a autoridade de uma maneira pacífica e transparente".
O grupo de Maliki já havia solicitado a recontagem dos votos antes mesmo da divulgação do resultado final, alegando irregularidades. Autoridades eleitorais rejeitaram o pedido. Observadores internacionais têm afirmado que o pleito foi limpo.
Ontem, o embaixador dos EUA no Iraque, Christopher Hill, e o principal comandante militar americano no país, general Ray Odierno, comemoraram o que chamaram de um "processo eleitoral histórico".
Do lado vencedor, Allawi afirmou que estenderá "mãos e coração" a todos os grupos. "Para todos os que querem e desejam participar da construção do Iraque, iremos enterrar juntos o sectarismo e o regionalismo políticos", disse.

Futuro
Como vencedor, Allawi terá agora de formar uma coalizão com grupos rivais -negociações necessárias uma vez que ele não conseguiu obter uma ampla maioria no Parlamento.
O potencial vácuo de poder e a possível instabilidade durante as conversas serão acompanhadas de perto por Washington, enquanto as tropas dos EUA se preparam para encerrar operações de combate em 1º de setembro e retirar-se totalmente do país no final de 2011.
Como sinal da frágil segurança iraquiana e das tensões causadas pela eleição, duas explosões na cidade de Khalis, na Província de Diyala, deixaram ao menos 42 pessoas mortas e 65 feridas horas antes da divulgação do resultado do pleito.

Com agências internacionais



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