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Coalizão opositora vence eleições no Iraque
Aliança liderada pelo ex-premiê Iyad Allawi obtém 91 cadeiras no Parlamento e terá de negociar para formar governo
Atual premiê, Nuri al Maliki, promete contestar derrota utilizando os meios legais,
para que a transição seja "pacífica e transparente"
DA REDAÇÃO
A coalizão liderada pelo ex-premiê Iyad Allawi conquistou
o maior número de cadeiras
nas eleições parlamentares de 7
de março no Iraque, anunciou
ontem a Comissão Eleitoral Independente. Mas o atual premiê, Nuri al Maliki -que tenta
a reeleição-, disse que contestará o resultado.
A vitória foi apertada: a coalizão Iraqyia, de Allawi, terá 91
das 325 cadeiras do Conselho
de Representantes, enquanto a
Coalizão para o Estado de Direito, de Maliki, terá 89.
Já a xiita Aliança Nacional
Iraquiana, ligada ao Irã e que
inclui o clérigo radical Moqtada
al Sadr, ficou com 70 cadeiras.
A Aliança Curda e o Gorran
-também curdo- obtiveram
51 cadeiras. Os demais partidos
ficaram com nove cadeiras. As
outras 15 são compensatórias e
não são disputadas em eleições.
O resultado deixa em evidência a profunda divisão sectária
do Iraque. Maliki conta com
amplo apoio entre a maioria
xiita, mas tem tentado mostrar-se como um nacionalista
que ajudou a estabilizar o país.
O banimento de mais de 500
candidatos ligados ao regime
de Saddam Hussein, porém,
cortou parte do apoio que recebia de sunitas, que sentiram-se
injustiçados e passaram a
apoiar Allawi, xiita que construiu uma extensa coalizão entre os dois grupos islâmicos.
Com uma retórica contrária
ao Irã, Allawi -premiê entre
2004 e 2005- também conseguiu atrair os sunitas contrários à influência de Teerã sobre
o governo do xiita Maliki.
Logo após o anúncio da comissão eleitoral, o premiê afirmou que não irá aceitar o resultado e irá contestá-lo pelos
meios legais, "para transferir a
autoridade de uma maneira pacífica e transparente".
O grupo de Maliki já havia solicitado a recontagem dos votos
antes mesmo da divulgação do
resultado final, alegando irregularidades. Autoridades eleitorais rejeitaram o pedido. Observadores internacionais têm
afirmado que o pleito foi limpo.
Ontem, o embaixador dos
EUA no Iraque, Christopher
Hill, e o principal comandante
militar americano no país, general Ray Odierno, comemoraram o que chamaram de um
"processo eleitoral histórico".
Do lado vencedor, Allawi
afirmou que estenderá "mãos e
coração" a todos os grupos.
"Para todos os que querem e
desejam participar da construção do Iraque, iremos enterrar
juntos o sectarismo e o regionalismo políticos", disse.
Futuro
Como vencedor, Allawi terá
agora de formar uma coalizão
com grupos rivais -negociações necessárias uma vez que
ele não conseguiu obter uma
ampla maioria no Parlamento.
O potencial vácuo de poder e
a possível instabilidade durante as conversas serão acompanhadas de perto por Washington, enquanto as tropas dos
EUA se preparam para encerrar operações de combate em 1º
de setembro e retirar-se totalmente do país no final de 2011.
Como sinal da frágil segurança iraquiana e das tensões causadas pela eleição, duas explosões na cidade de Khalis, na
Província de Diyala, deixaram
ao menos 42 pessoas mortas e
65 feridas horas antes da divulgação do resultado do pleito.
Com agências internacionais
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