São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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Países árabes estão mais lentos no avanço de metas da ONU

Nações com crises políticas figuram na lanterna de ranking

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

Países árabes que passam hoje por violentas crises políticas são os que mais diminuíram a velocidade no cumprimento das Metas do Milênio estabelecidas pela ONU em 2000.
As metas são oito objetivos traçados para 2015 com intenção de melhorar indicadores econômicos e sociais.
Estudo inédito da ONU, obtido com exclusividade pela Folha, mostra que Omã, Bahrein, Jordânia e Arábia Saudita estão entre os seis piores colocados num ranking de 98 países que mede a velocidade de cumprimento desses objetivos.
O estudo compara a taxa de evolução de 2001 a 2008 ante a década anterior.
Omã e Bahrein, por exemplo, apresentaram piora no ritmo de evolução em quase 70% dos indicadores analisados pela ONU.
Entre eles estão indicadores de emprego, ensino e igualdade de gênero.
"O estudo não permite concluir que existe uma relação direta entre essa piora e as crises políticas, mas, em geral, altas taxas de desemprego e de gente não escolarizada criam condições para revoltas", observa Degol Hailu, autor do estudo.
O pesquisador da Universidade de Londres Richard Al Qaq afirma que a realidade social e econômica teve um grande impacto sobre as revoltas em alguns países, especialmente o desemprego e os baixos salários em Tunísia, Egito e Jordânia.
No entanto, ele considera que as causas fundamentais das revoltas são a frustração com a falta de reformas políticas e o ódio geral contra os regimes ditatoriais que estão no poder há décadas.
Ironicamente, observa Qaq, se forem excluídos os direitos humanos e indicadores de democracia, países como Tunísia e Argélia apresentam bons índices de desenvolvimento humano.
"Isso pode significar que a falta de democracia e o desrespeito aos direitos humanos são mais importantes na indicação de quais países são suscetíveis à revolta", disse.

BRASIL
O Brasil aparece na 32ª posição do ranking, tendo registrado aumento da taxa de evolução em 70% dos indicadores analisados. O desempenho é melhor entre os emergentes incluídos no estudo: China, Índia, África do Sul, Turquia e Argentina.
Degol destaca avanços significativos no combate ao HIV, na expansão do acesso à comunicação móvel e na redução da pobreza e da taxa de mortalidade infantil.
"O Bolsa Família tem sido eficaz em aumentar a matrícula escolar e reduzir a desigualdade e o trabalho infantil", afirmou.
Os países da África Subsaariana foram o que mais aceleraram o cumprimento das metas, aponta o estudo.


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