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Países árabes estão mais lentos no avanço de metas da ONU
Nações com crises políticas figuram na lanterna de ranking
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
Países árabes que passam
hoje por violentas crises políticas são os que mais diminuíram a velocidade no cumprimento das Metas do Milênio estabelecidas pela ONU
em 2000.
As metas são oito objetivos
traçados para 2015 com intenção de melhorar indicadores econômicos e sociais.
Estudo inédito da ONU,
obtido com exclusividade pela Folha, mostra que Omã,
Bahrein, Jordânia e Arábia
Saudita estão entre os seis
piores colocados num ranking de 98 países que mede a
velocidade de cumprimento
desses objetivos.
O estudo compara a taxa
de evolução de 2001 a 2008
ante a década anterior.
Omã e Bahrein, por exemplo, apresentaram piora no
ritmo de evolução em quase
70% dos indicadores analisados pela ONU.
Entre eles estão indicadores de emprego, ensino e
igualdade de gênero.
"O estudo não permite
concluir que existe uma relação direta entre essa piora e
as crises políticas, mas, em
geral, altas taxas de desemprego e de gente não escolarizada criam condições para
revoltas", observa Degol Hailu, autor do estudo.
O pesquisador da Universidade de Londres Richard Al
Qaq afirma que a realidade
social e econômica teve um
grande impacto sobre as revoltas em alguns países, especialmente o desemprego e
os baixos salários em Tunísia, Egito e Jordânia.
No entanto, ele considera
que as causas fundamentais
das revoltas são a frustração
com a falta de reformas políticas e o ódio geral contra os
regimes ditatoriais que estão
no poder há décadas.
Ironicamente, observa
Qaq, se forem excluídos os
direitos humanos e indicadores de democracia, países como Tunísia e Argélia apresentam bons índices de desenvolvimento humano.
"Isso pode significar que a
falta de democracia e o desrespeito aos direitos humanos são mais importantes na
indicação de quais países são
suscetíveis à revolta", disse.
BRASIL
O Brasil aparece na 32ª posição do ranking, tendo registrado aumento da taxa de
evolução em 70% dos indicadores analisados. O desempenho é melhor entre os
emergentes incluídos no estudo: China, Índia, África do
Sul, Turquia e Argentina.
Degol destaca avanços significativos no combate ao
HIV, na expansão do acesso
à comunicação móvel e na
redução da pobreza e da taxa
de mortalidade infantil.
"O Bolsa Família tem sido
eficaz em aumentar a matrícula escolar e reduzir a desigualdade e o trabalho infantil", afirmou.
Os países da África Subsaariana foram o que mais
aceleraram o cumprimento
das metas, aponta o estudo.
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