|
Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Lugar serviria de armazém para munição química; tropas dos EUA substituem espanhóis e entram em Najaf
Explosão de depósito mata 2 americanos
DA REDAÇÃO
Autoridades iraquianas reivindicaram soberania total do país a
partir de 30 de junho, data marcada para sua restituição, em resposta ao plano dos EUA para limitá-la. "É muito importante que
o povo iraquiano receba sua soberania completa. As decisões em
âmbito local devem ser tomadas
pelo povo iraquiano, e as decisões
nacionais, pelo governo", disse
ontem Nesreen Berwari, membro
do Conselho de Governo Iraquiano e ministra dos Serviços Públicos, em discurso na ONU.
Segundo ela, o país precisa de
ajuda em segurança e na construção de instituições democráticas,
mas deve ser responsável por seu
Orçamento e seu rumo político,
incluindo a criação de leis.
Os EUA propõem que o governo interino que assumirá em junho não possa criar leis nem comandar as forças de segurança.
Ontem, o secretário de Estado
dos EUA, Colin Powell, voltou a
defender o plano, dizendo que a
nova autoridade iraquiana deveria aceitar os limites. "Parte dessa
soberania terá de ser devolvida
[aos EUA], com a ciência de que é
importante que uma força multinacional opere com comando
próprio", disse.
O enviado da ONU ao Iraque,
Lakhdar Brahimi, depõe hoje no
Conselho de Segurança sobre a
formação do governo interino a
ser empossado após a transferência de poder. Os EUA, pressionados pela comunidade internacional, aceitaram o plano de Brahimi
para a formação do governo.
Violência
As tensões estão recrudescendo
no Iraque a menos de dez semanas da transição. Ontem, dois soldados americanos morreram e
cinco foram feridos quando um
armazém que supostamente servia de depósito para munição química em Bagdá foi quase totalmente destruído por uma explosão, no momento em que era inspecionado pelos militares.
Entretanto, após o incidente, a
área não foi isolada -precaução
comum no caso de explosões envolvendo produtos químicos tóxicos. Testemunhas encontraram
no local crachás e documentos do
Grupo de Pesquisa Iraquiano, a
equipe de especialistas criada em
junho passado para buscar o suposto arsenal proibido do ex-ditador Saddam Hussein.
Após o incidente, iraquianos saquearam o que restou dos quatro
veículos militares atingidos.
Nas cercanias de Najaf (sul), insurgentes dispararam foguetes
contra um posto americano. Os
EUA reagiram com helicópteros e
forças em terra. À noite, foram
ouvidas mais explosões. O impasse na cidade, considerada sagrada
pelos xiitas, começou com um levante no início do mês liderado
pelo clérigo xiita radical Moqtada
al Sadr. Os EUA, que prometeram
prendê-lo ou matá-lo, entraram
ontem na cidade.
Embora os comandantes militares tenham reafirmado que não
entrarão nos santuários para capturar Al Sadr, temendo disseminar uma revolta xiita, o porta-voz
da coalizão, Dan Senor, declarou
que escolas, mesquitas e templos
seriam alvos legítimos a partir do
momento em que forem usados
para esconder armas, como a coalizão acredita estar acontecendo.
Cerca de 200 militares dos EUA
ocuparam uma base que até então
era usada por espanhóis a apenas
6 km dos templos mais importantes da cidade. A Espanha começou a retirar seus soldados do Iraque na semana passada por ordem do novo premiê, José Luís
Rodríguez Zapatero. Seu antecessor, José María Aznar, publicou
ontem um artigo em que chama a
retirada de "condescendência".
Ao sul de Najaf, na também xiita
Diwaniyah, um embate entre tropas remanescentes espanholas e
insurgentes resultou na morte de
seis iraquianos. Em Karbala, foram disparados tiros contra a comitiva do presidente búlgaro,
Georgi Parvanov, que visitava
suas tropas. Ninguém foi ferido.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Ex-diplomatas fazem manifesto contra Blair Índice
|