São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSPORTES

Sistema viário proposto há 45 anos para ligar a Ásia à Europa começa a ganhar forma

Asiáticos planejam "nova Rota da Seda"

ELAINE KURTENBACH
DA ASSOCIATED PRESS, EM XANGAI

Começa a tomar forma, 45 anos depois de primeiro ter sido proposta, uma versão moderna da Rota da Seda que, na Antigüidade, ligava a Ásia à Europa. Trata-se de uma rede de rodovias e rotas de ferryboat que tem 140 mil quilômetros de extensão e que irá ligar os dois continentes outra vez.
A agência de notícias chinesa Xinhua anunciou que 23 países asiáticos, entre os quais China, Japão e Coréia do Sul, assinaram ontem o Acordo Rodoviário Asiático. Ele tem por objetivo construir um sistema viário que reduziria o isolamento de muitos países asiáticos que não têm saída para o mar e criaria uma versão moderna da rota que ligava a Ásia à Europa por meio de caravanas.
Proposto pela primeira vez em 1959, mas adiado por décadas de desconfiança resultantes da Guerra Fria, o projeto foi ratificado, em princípio, por 32 países.
Ao mesmo tempo em que as telecomunicações aproximam os diferentes pontos de planeta, a realidade geográfica -desertos extensos, cadeias montanhosas inóspitas e selvas insuperáveis- faz com que muitos países asiáticos ainda vivam isolados.
A Rodovia Asiática não seria uma rodovia, mas todo um sistema de rotas terrestres e marítimas que interligariam Tóquio à Turquia, o Butão à Bulgária.
Um mapa traçado pela ONU das rodovias planejadas lembra uma teia de aranha que se estende entre a Finlândia e São Petersburgo, de um lado, e Khabarovsk e Tóquio, do outro. Fios da teia se estendem pela Turquia e atravessam a Ásia Central, passam pela Índia e descem para o Sudeste Asiático, até Bali (Indonésia).
Os grandes países, como Japão, China, Coréia do Sul, Rússia e Índia, certamente se beneficiariam dos vínculos comerciais que o sistema rodoviário poderia trazer. Mas o projeto visa também ajudar países menores a ganhar as cobiçadas rotas até portos marítimos.
Da maneira como a rede está sendo visualizada, sete países sem saída para o mar seriam incluídos: Butão, Cazaquistão, Quirguistão, Laos, Mongólia, Nepal e Uzbequistão. Os países que são ilhas seriam ligados ao continente asiático por ferryboat.
O plano rodoviário faz parte de um projeto mais amplo para melhorar todas as vias de transporte na região. A maioria das estradas já existe, mas precisa ser melhorada para alcançar o padrão internacional acordado.
Até agora, o financiamento da maior parte dos trabalhos preliminares da Rodovia Asiática veio do Japão. A previsão é que cheguem verbas de outros países, do Banco Mundial e do Banco de Desenvolvimento Asiático.


Tradução de Clara Allain


Texto Anterior: Medo: País isola 500 pessoas para conter Sars
Próximo Texto: Panorâmica - Explosão: EUA oferecem ajuda à Coréia do Norte
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.