São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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IRAQUE SOB TUTELA

Em nova visita-surpresa ao Iraque, secretários de Estado e Defesa dos EUA elogiam novo chefe de governo

Rice e Rumsfeld vão a Bagdá apoiar premiê

DA REDAÇÃO

A secretária de Estado e o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Condoleezza Rice e Donald Rumsfeld, fizeram ontem uma visita-relâmpago a Bagdá em uma iniciativa de Washington para garantir que o novo premiê iraquiano forme um governo de unidade nacional. A visita também foi vista como uma demonstração de apoio ao líder iraquiano.
O encontro dos dois enviados do presidente dos EUA, George W. Bush, com o premiê Nouri al Maliki - um veterano ativista xiita - aconteceu um dia depois da divulgação de um vídeo no qual o líder da Al Qaeda no Iraque, Abu Musab al Zarqawi, acusava o novo governo de ser um mero fantoche americano. Zarqawi - o homem mais procurado pelos EUA no Iraque - prometeu apoiar insurgentes sunitas e lançar mais ataques.
Depois da reunião, Rumsfeld e Rice elogiaram Maliki e disseram-se impressionados com ele.

Elogios
"Ele está muito decidido. Está claro que ele compreendeu seu papel e o papel do novo governo de demonstrar que realmente há um governo de unidade nacional", disse Rice, para quem o Iraque vive um "momento de virada", depois de três anos da invasão comandada pelos EUA.
A participação de representantes sunitas no governo é tida como fundamental para que os insurgentes percam o apoio da minoria que dominou o país sob a ditadura de Saddam Hussein. A maioria xiita é quem detém o poder agora.
Maliki afirmou a Rice e Rumsfeld que sua prioridade será combater a violência entre as facções étnicas e que depois disso tratará de outros temas candentes, como a corrupção. Sobre esse ponto, ele concordou com os dois enviados que terá de formar um gabinete com profissionais competentes e não-sectários se quiser que seu governo tenha a confiança dos iraquianos. Maliki tem pouco menos de 30 dias para indicar sua equipe ao Parlamento.
Rumsfeld - cuja cabeça tem sido pedida por oficiais americanos da reserva descontentes com seu trabalho - se reuniu também com o comandante das tropas americanas no Iraque, general George Casey, que já falou em retirada parcial. O secretário declarou depois aos jornalistas que assim que o novo governo iraquiano for constituído os EUA começarão a discutir "as condições e a velocidade para que nós possamos transferir as responsabilidades nas províncias".
Atualmente, há cerca de 130 mil soldados americanos no Iraque. Autoridades militares já afirmaram que até o fim do ano esse número pode cair para 100 mil.
"Queremos ter certeza de que não há disparidades entre o que estamos fazendo politicamente e o que fazemos em termos militares", disse Rice. "Há muita coisa a ser feita ainda nesse cruzamento entre o político e o militar."

Dólares desviados
Ontem, o Senado dos EUA aprovou uma medida que retira parte dos recursos que Bush havia solicitado para usar no Iraque. Os recursos serão usados para intensificar os patrulhamentos nas fronteiras que funcionam para deter os imigrantes ilegais. Portos e aeroportos também ganharão um reforço em sua segurança. Aprovada por 59 votos a 39, a medida retira no total US$ 1,3 bilhão, que seria destinado às operações no Iraque.
Ontem ainda, tropas americanas atacaram uma suposta base de insurgentes, matando 12 militantes, incluindo uma mulher. A ação aconteceu perto de um local onde um helicóptero americano caiu no mês passado, segundo o Exército dos EUA.


Com agências internacionais

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