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Correa é reeleito presidente do Equador, aponta projeção
Esquerdista obteve 51% dos votos, segundo ONG; maioria na Assembleia é provável
Eleito pela primeira vez em 2006, economista teve mandato zerado por nova Constituição e poderá voltar a disputar cargo em 2013
DE CARACAS
O presidente equatoriano,
Rafael Correa, 46, obteve ontem um novo mandato de quatro anos, com pouco mais da
metade dos votos válidos,
aponta projeção. A vitória tranquila, aliada a uma provável
maioria na Assembleia, abrem
caminho para que o líder esquerdista amplie suas reformas
socioeconômicas, marcadas
pela maior presença do Estado
e por um Executivo forte.
Segundo projeção da ONG
Participação Cidadã, tida como
a mais confiável, Correa recebeu 51% dos votos, o suficiente
para evitar um segundo turno.
Em segundo lugar, está o ex-presidente Lucio Gutiérrez,
com 29,8%, seguido do empresário Álvaro Noboa, que obteve
apenas 10,7% em sua quarta
disputa eleitoral. A projeção foi
feita a partir da contabilização
de 58% das urnas .
Pela lei, um candidato a presidente vence no primeiro turno se obtiver ao menos 40% de
apoio, com uma distância superior a dez pontos percentuais
sobre o rival mais próximo.
Correa ainda pode conseguir
a sonhada maioria na Assembleia unicameral, indica a boca
de urna do instituto Santiago
Pérez. Seu partido, Aliança
País, teria obtido 61 das 124 vagas, ficando a apenas mais dois
assentos para conseguir a hegemonia, o que pode ser obtido
com apoio de partidos menores
não alinhados com a oposição.
Como previsto, a segunda
bancada deve ficar com o partido Sociedade Patriótica (PSP),
de Gutiérrez, com 23 assentos.
As eleições de ontem foram
convocadas após a entrada em
vigor da nova Constituição,
aprovada em referendo em setembro, e incluíam todos os
cargos eletivos do país.
O resultado extraoficial foi
recebido com pulos e dança por
Correa, que chamou sua reeleição de "vitória avassaladora".
Ele esperou o resultado em
Guayaquil, sua terra natal e
maior cidade do país - paradoxalmente, principal reduto da
oposição.
Como também era esperado,
ali o prefeito anti-Correa Jaime
Nebot foi facilmente reeleito
com 69% dos votos, segundo
boca de urna, e ainda conseguiu
impor seu candidato contra a
irmã de Correa na Província de
Guayas, que inclui Guayaquil.
Com um mandato assegurado até 2013, Correa tem direito
de disputar mais uma reeleição
-mecanismo introduzido pela
nova Carta, impulsionada por
ele. Assim, tem hoje a possibilidade de governar até 2017, chegando a dez anos no poder.
Correa foi eleito em 2006,
quando derrotou Noboa no segundo turno. Economista de
formação e novato na política,
conquistou o eleitorado equatoriano com um discurso duro
contra a "partidocracia".
Seus dois primeiros anos foram marcados pela convocação
da Constituinte e por medidas
controvertidas na área econômica, como a renegociação dos
contratos com as empresas petroleiras, entre as quais a Petrobras, e a suspensão de cerca de
US$ 3,2 bilhões da dívida externa por considerá-la ilegal. Sua
alta popularidade contrasta
com a instabilidade política de
seus três antecessores eleitos
-nenhum deles, inclusive Gutiérrez, terminou o mandato.
No cenário internacional,
um dos seus momentos mais
conhecidos foi a crise diplomática com o Brasil, no ano passado. Correa expulsou a construtora Odebrecht e ameaçou não
pagar uma dívida com o
BNDES, alegando irregularidades na construção da usina hidrelétrica San Francisco, paralisada um ano após inaugurada.
Em reação, o presidente Lula
retirou o embaixador de Quito,
sua primeira ação desse tipo
em seis anos de governo. As relações só foram normalizadas
depois que Correa assegurou
que pagaria a dívida.
(FABIANO MAISONNAVE)
Com agências internacionais
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