São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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AMEAÇA

Governo diz que Al Qaeda poderia atacar no país para influenciar eleições

EUA lançam vago alerta antiterror

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O governo americano anunciou ontem ter informações críveis de que a rede terrorista Al Qaeda, responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001, planeja realizar um novo ataque no país nos próximos meses. Apesar da ameaça, o nível de alerta nacional não foi elevado. Também foi divulgado um cartaz com fotos de suspeitos de integrar a Al Qaeda que poderiam já estar nos EUA preparando um atentado.
"Temos informações de que a Al Qaeda prepara um forte ataque, que poderá ter conseqüências sobre o resultado das eleições nos EUA [em novembro]", disse o secretário de Justiça, John Ashcroft. Segundo ele, o objetivo seria repetir o ocorrido na Espanha em 11 de março, quando atentados contra trens na região de Madri tiveram impacto nas eleições realizadas no país três dias depois.
Na ocasião, o governo conservador espanhol, aliado dos EUA na Guerra do Iraque, responsabilizou o grupo separatista basco ETA, quando as pistas apontavam para terroristas islâmicos. Diante da falta de transparência, os socialistas venceram e ordenaram a retirada dos soldados espanhóis do Iraque.
Ashcroft e o diretor do FBI (a polícia federal dos EUA), Robert Muller, não disseram quando, onde ou de que maneira os ataques ocorreriam. Os alvos poderiam ser desde a inauguração do memorial da Segunda Guerra, neste fim de semana, em Washington, às convenções dos partidos Democrata e Republicano, marcadas para julho e agosto.
O anúncio da nova "ameaça" da Al Qaeda ocorreu dois dias depois de o presidente George W. Bush atingir a pior avaliação de seu mandato (segundo várias pesquisas) e de lançar uma ofensiva para tentar recuperar a credibilidade de sua ação militar no Iraque.
Os EUA não elevaram o indicador de alerta de risco de ataques, que permanece em "amarelo" -nível intermediário em uma escala de cinco cores. Nas últimas vezes em que o indicador foi alterado, vários Estados e grandes cidades reclamaram por mais fundos federais para atender as exigências de reforço do policiamento nas ruas, portos e aeroportos.
O anúncio causou surpresa entre as autoridades policiais das duas maiores cidades norte-americanas, Los Angeles e Nova York, que afirmaram não ter sido informadas oficialmente de nenhuma ameaça iminente.
Também analistas e ex-funcionários do governo estranharam o alerta, visto como muito "vago".
Recentemente, o presidente George W. Bush depôs em uma comissão parlamentar para se defender das suspeitas de que não teria agido à altura antes do 11 de Setembro embora tivesse recebido alguns alertas da iminência de um atentado terrorista.
Ashcroft e Muller também divulgaram um cartaz com fotos e nomes de suspeitos de ligação com o terror procurados pelo FBI e afirmaram ter informações de que mudou o perfil dos possíveis membros da Al Qaeda que tentam entrar no país.
"Temos informações de que os terroristas terão agora possivelmente idades entre 20 e 30 anos e estarão viajando com a família para despistar as autoridades", afirmou Ashcroft.


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