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GASTRONOMIA
Pizzarias que seguirem regras serão certificadas; brasileiros elogiam, mas lembram particularidades da pizza do Brasil
Itália cria mandamentos da pizza napolitana
ALESSANDRA RIZZO
DA ASSOCIATED PRESS, EM ROMA
Produtores de pizza, cuidado! A
Itália acaba de lançar diretrizes específicas para proteger a verdadeira pizza napolitana das cópias
falsificadas. Os regulamentos do
Ministério da Agricultura italiano
determinam o tamanho, os ingredientes e até o tipo de forno.
Com eles, os restaurantes italianos que respeitam as regras vão
conseguir um atestado. Mas a iniciativa é mais ampla. Ela faz parte
dos esforços da Itália para proteger sua culinária em toda a União
Européia. Não ficou claro se há
planos para estender a certificação a toda a Europa.
Contidas em oito artigos publicados na "Gazeta Oficial" italiana,
as diretrizes prevêem que a verdadeira pizza napolitana precisa ser
redonda, não ter mais de 35 centímetros de diâmetro, não ter mais
de 0,3 centímetros de espessura
no meio e ter uma crosta de cerca
de dois centímetros. "A textura
precisa ser macia, elástica, facilmente dobrável."
As normas especificam o tipo de
farinha de trigo, o fermento, os tomates e o óleo. São reconhecidas
verdadeiras apenas três variedades: a "marinara", com alho e orégano, a "margherita", com manjericão e mozarela, e a "extra-margherita", que requer tomates
frescos, manjericão e mozarela de
búfala. A massa precisa ser aberta
manualmente, e nem sequer pense em usar forno elétrico: a pizza
só pode ser assada em fornos a lenha, capazes de alcançar a temperatura de 485C. "As normas protegem uma das tradições gastronômicas mais antigas e importantes do país", disse o presidente da
Associação de Produtores de Pizza, Antonio Pace.
Os brasileiros Francesco Tarallo, 31, da Speranza, e Fábio Donato, 31, da Castelões, duas das mais
famosas pizzarias de São Paulo,
consideram a iniciativa positiva,
mas lembram que a pizza feita no
Brasil tem particularidades.
"Quanto ao modo de preparo,
estou inteiramente de acordo.
Mas a farinha, o fermento e o tomate brasileiros são um pouco diferentes, o que altera o sabor", diz
Tarallo. Ele também lembra que o
brasileiro está acostumado com
mais cobertura. "Se fizermos como na Itália, os clientes pensarão
que estamos economizando."
"Meu avô dizia que só existiam
duas pizzas: a "bianca", com mozarela, e a "nera", com aliche. Mesmo a margherita veio depois", diz
Donato. "Mas num país com tradição de pizza como o Brasil, não
podemos impor apenas os sabores tradicionais. Existem evoluções interessantes, outras não."
Para o jornal financeiro italiano
"Il Sole 24 Ore", que dedicou uma
matéria de capa ao assunto, a medida é um "ato de amor, mas também de desespero". "Hoje a pizza
é um prato que não tem país,
fronteiras ou bandeiras", disse.
Colaborou a Redação
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