São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2008

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Israel e Hizbollah trocarão presos, diz mídia

Acordo, sem confirmação oficial, estipula entrega de dois soldados israelenses por cinco membros da milícia xiita libanesa

Consenso é citado por rádio militar israelense e jornal, horas após o líder máximo do Hizbollah prever retorno de prisioneiros em "30 dias"


Mussa Hussein/France Presse
Uma multidão presenciou o discurso de Nasrallah em Beirute

DA REDAÇÃO

O governo de Israel alcançou um acordo com o grupo xiita libanês Hizbollah sobre uma troca de prisioneiros, segundo disseram ontem fontes dos dois lados citadas pela imprensa local e por agências internacionais de notícias. Mas não houve ainda confirmação oficial.
Pelo acordo, o Hizbollah libertaria Ehud Goldwasser e Eldad Regev, soldados israelenses capturados em julho de 2006 na fronteira entre o Líbano e Israel. O seqüestro desencadeou uma guerra de 33 dias entre o Exército israelense e a milícia xiita no sul do Líbano.
Especula-se, na imprensa israelense, que a troca poderia envolver a entrega dos corpos de Goldwasser e Regev, já que há indícios de que eles tenham sido capturados gravemente feridos. Tanto o Hizbollah como o serviço secreto israelense sempre se recusaram a dizer se eles estavam vivos.
Em troca, Israel libertaria Samir Kantar e outros quatro membros do Hizbollah.
Kantar é um libanês druso condenado a 542 anos de detenção pela morte de três israelenses em 1979.
O acordo prevê ainda a devolução dos restos mortais de dez libaneses ao Hizbollah.

Nasrallah
Os contornos do acerto, citados também pelas agências de notícias Efe e France Presse, foram revelados ontem com mais detalhes no site do jornal "Haaretz", que cita altos funcionários israelenses.
Na manhã de ontem, o líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah, anunciou que Kantar seria libertado em breve. "Samir Kantar e seus irmãos estarão entre vocês em breve, se Deus quiser", afirmou Nasrallah em vídeo exibido durante comício comemorativo pelo aniversário da retirada israelense do sul do Líbano, em maio de 2000.
"Libertar prisioneiros é nossa responsabilidade e nossa santa missão", disse o xeque.
Não há informações sobre quando e onde a troca seria realizada, apesar de Nasrallah ter mencionado que poderá acontecer "nos próximos 30 dias".
O acordo sobre uma troca de prisioneiros, que a Reuters diz ter sido confirmado ainda por políticos libaneses extra-oficialmente, resulta de uma mediação da Alemanha iniciada no fim de 2006 com aval da ONU. Desde então, emissários alemães tiveram diversos encontros secretos com agentes israelenses e do Hizbollah.
Uma fonte israelense, no entanto, negou que o acordo esteja selado e insistiu que "Nasrallah não costuma combinar os seus discursos com Israel". Mas, se concretizado, o acerto representaria nova vitória para o Hizbollah -o fortalecimento do grupo xiita começou justamente com a guerra de 2006.
Com a popularidade em alta após o conflito, o Hizbollah e o Amal, os dois partidos de base xiita, deixaram o governo, no qual tinham cinco ministérios, exigindo maior participação no gabinete. Com a disputa, o então presidente Émile Lahoud deixou o poder em novembro de 2007. O Líbano mergulhou então numa grave crise institucional, que só terminou na semana passada, com uma reformulação do Executivo que atendeu a exigência do Hizbollah de voltar ao gabinete com uma minoria de bloqueio.
O fim do impasse libanês também permitiu que o chefe das Forças Armadas, general Michel Suleiman, fosse apontado pelo Parlamento como novo presidente. Ele foi oficialmente empossado ontem.
No lado israelense, a devolução dos prisioneiros -ou a de seus corpos- traria algum benefício para o premiê Ehud Olmert, investigado por corrupção e sob ameaça de cair.

Golã
Numa outra frente de negociação, Olmert negou ontem ter se comprometido com a Síria a devolver as colinas de Golã, ocupadas desde 1967.
Israel e Síria anunciaram na última quarta-feira que começaram a conversar indiretamente na Turquia. É a primeira negociação em oito anos.


Com agências internacionais


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