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análise
Muda o perfil da comunidade cubana nos EUA
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os votos hispânicos podem somar 11% do eleitorado
nas eleições presidenciais de
novembro nos EUA, bem
mais do que os 6% de 2000.
Os cubano-americanos
compõem um segmento expressivo não só numericamente. Têm poder político
na Flórida, um grande Estados, e estão envolvidos com
um dos itens mais tumultuados da política externa americana. Razões pelas quais
Barack Obama falou sobre
América Latina à sombra da
Fundação Nacional Cubano-Americana, em Miami, na última sexta, ao que parece
sem levar em conta fatores e
novidades importantes.
Essa fundação, de início
embalada pelo assessor de
segurança nacional do governo Reagan (1981-89) Richard
Allen, virou um lobby anti-Castros intolerante e truculento, com peso em Washington. Seu criador, Jorge
Más Canosa, após longo reinado como um construtor da
agenda cubana do Departamento de Estado, morreu
decadente não faz muito.
Mas muda o perfil da comunidade cubana nos EUA,
em tom dissonante com a velha guarda de exilados. Aumentaram de 40% para 65%,
desde 1991, os cubano-americanos favoráveis ao diálogo
com o regime comunista, segundo a Universidade Internacional da Flórida. Supõe-se que o percentual favorável
a uma "acomodação" continue a crescer.
Um especialista em pesquisas do partido Democrata, Sergio Bendixon, convenceu-se de que exilados jovens
dão importância secundária
a Cuba. Estão mais preocupados com educação, cobertura médica e imigração.
São transformações que
botam roupagem nova num
segmento importante do
eleitorado. Mais surpreendente foi o que constataram
pesquisadores democratas
num distrito de Miami repleto de cubanos: acabar com o
regime comunista figura em
sexto lugar entre as preocupações levantadas. Sair do
Iraque está em primeiro.
Em discurso em outubro
sobre Cuba, Bush ignorou as
transformações e usou a retórica repetitiva de chamar
Cuba de "gulag tropical". "Se
alguma coisa é capaz de reviver Fidel Castro, essa coisa
seria a fala de Bush", disse
Michael Shifter, do Inter-American Dialogue, de Washington. São realimentados
confrontos desgastados. A
comunidade se volta mais
para questões internas.
O advogado cubano-americano Otto de Córdoba, 51,
votou duas vezes em Bush e
se disse frustrado com sua
incompetência na Guerra do
Iraque e no furacão Katrina.
Bush também calcula mal
o apoio de dissidentes na
ilha. Oswaldo Payá, um dos
que têm maior potencial de
liderança, tem buscado deixar claro que a oposição interna não aceita interferência na transição. Antes do discurso de Bush, Payá disse
que é tempo de os governos
em Cuba e nos EUA ouvirem
o que quer o povo cubano.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de
questões internacionais
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