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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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COMPORTAMENTO

Anúncio que usa crianças é acusado de encorajar a pedofilia

Suécia debate orientação gay precoce

STEPHEN BROWN
DA REUTERS, EM ESTOCOLMO

"Birgitta, seis anos, lésbica", afirma o anúncio com uma fotografia de uma menininha de maiô e usando bóias de borracha nos braços, acompanhada de alguns desenhos infantis. "Nem todas as princesas escolhem um príncipe", diz o texto.
Uma campanha de um grupo gay sueco para promover a conscientização quanto à possibilidade de que uma orientação não heterossexual comece cedo causou uma reação desfavorável na última quarta-feira, quando um grupo de proteção à infância declarou que retratar crianças de uma maneira sexual poderia encorajar a pedofilia.
O Stockholm Pride, um grupo voluntário que organiza um festival gay, lésbico e transexual anual, lançou a campanha em sua página na internet e planeja publicar os anúncios na mídia convencional e em veículos orientados ao público gay.
Anders Selin, presidente do Stockholm Pride, enfatizou que todas as crianças retratadas pela campanha são agora gays, lésbicas e transexuais adultos com entre 24 e 40 anos.
"Não estamos dizendo às pessoas que todas as crianças são homossexuais, mas sim que isso deveria ser tão respeitável quanto uma opção heterossexual", disse ele à agência de notícias Reuters.
Segundo ele, a campanha pretende provocar debate sobre como a orientação sexual dos adultos é influenciada, na infância, "pela maneira com que nossos pais nos criam, e pela forma com que as lojas de brinquedos nos influenciam etc."

Objeção
Mas Rosita Runegrund, parlamentar conservadora sueca e voluntária da Ecpat, uma rede internacional de organizações que combatem a exploração sexual de crianças, se opôs ao fato de que a campanha dê a crianças jovens uma identidade sexual.
"Os pedófilos empregam o argumento de que as crianças têm identidade sexual. Para mim, foi chocante ver as fotos do site, porque a Stockholm Pride é uma organização respeitável", disse ela.
"Há uma forte reação do público que não compreende essas fotos. Não é uma campanha necessária. As crianças devem ter suas próprias experiências, e demora para que encontrem sua identidade sexual", afirmou Runegrund à Reuters.
Selin, 36, assistente social especializado em jovens cuja foto está em um dos anúncios sob o título "Anders, 7, gay", disse que "tão logo se fala em homossexualidade e crianças, todo mundo começa a gritar sobre a pedofilia".

Atitude tolerante
A Suécia adota uma atitude tolerante quanto aos gays e lésbicas, que podem formar parcerias legais mas não podem realizar casamentos homossexuais.
O país apresenta baixa incidência de crimes contra as crianças.


Tradução Paulo Migliacci


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