São Paulo, segunda-feira, 27 de agosto de 2001

Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO
Presidente egípcio pede "passo concreto" dos EUA para solucionar conflitos entre israelenses e palestinos
Violência provoca mais duas vítimas

Reuters
Em funeral, em Tel Aviv, oficiais do Exército de Israel carregam caixão de militar morto anteontem


DA REDAÇÃO

Palestinos mataram à bala ontem um comerciante israelense que havia parado seu carro perto do vilarejo de Zeita, na Cisjordânia, segundo informou a polícia israelense.
O atentado foi reivindicado pelo Al-Aqsa, um grupo armado ligado ao Fatah -movimento político do líder palestino Iasser Arafat.
Em outro incidente, um palestino morreu em circunstâncias incertas na faixa de Gaza, provavelmente atingido pelo projétil de um tanque.
No final da noite de ontem, dois helicópteros israelenses destruíram um quartel da polícia palestina em Tulkarem, no norte da Cisjordânia. Não houve vítimas.
Desde anteontem, já chegam a dez os mortos nos conflitos entre árabes e israelenses. Na manhã de sábado, dois palestinos penetraram numa base israelense na faixa de Gaza, mataram três soldados e deixaram sete feridos, antes de serem mortos.
No início da noite, outros dois israelenses morreram e dois ficaram feridos em uma emboscada na estrada que liga Jerusalém a Modiin, a oeste da cidade, quando palestinos abriram fogo contra seu veículo. Na madrugada de domingo, o Exército de Israel revidou, atacando áreas palestinas no sul e norte de Gaza, deixando um morto e 18 feridos.

Reações
O presidente egípcio Hosni Mubarak afirmou ontem que os Estados Unidos devem assumir um papel mais ativo para resolver os conflitos na região.
"Os apelos pelo fim da violência sem nenhum passo concreto não levarão a nenhum resultado. A situação requer uma ação dos EUA. Qualquer dúvida implicará um perigo para a região."
Mubarak fazia referência às declarações dadas pelo presidente americano, George W. Bush, na sexta-feira.
Bush afirmou que os conflitos na região teriam fim se Arafat de fato "se empenhasse em acabar com as ações terroristas".
Ao saber das declarações de Bush, Arafat, que estava em viagem pela Ásia, afirmou que a situação no Oriente Médio requer "o envio o mais rápido possível de observadores internacionais".
Arafat referia-se à interferência dos EUA no Conselho de Segurança da ONU, ocorrida na semana passada, impedindo que fosse examinada uma resolução sobre o envio de observadores internacionais aos territórios ocupados.
Por outro lado, o ex-premiê israelense Ehud Barak elogiou Bush. Para Barak, "ele mostra claramente seu instinto de liderança ao apontar para Arafat normas de comportamento".
Já Hanan Ashrawi, porta-voz da Autoridade Nacional Palestina, afirmou que "tínhamos o costume de dizer que havia um vazio político norte-americano, mas agora está claro que há uma política negativa do país em relação ao povo palestino, o que o torna responsável por tudo o que está ocorrendo na região".
Ziad Abu Ziad, ministro palestino encarregado da questão de Jerusalém, condenou a utilização, por Israel, de caças F-15 e F-16 e helicópteros Apache, todos de fabricação norte-americana. "Os EUA são responsáveis diretos pela escalada militar israelense."
Bush também advertiu que os EUA podem boicotar o encontro da ONU contra o racismo, que começa na sexta-feira, em Durban (África do Sul), se os palestinos insistirem em pedir a condenação do "racismo israelense".


Próximo Texto: UE deve sustar ajuda a escolas geridas pela ANP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.