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ARGENTINA
Decisão limitará participação de eleitores nas prévias, como queria Menem
Duhalde cede e muda regra eleitoral
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O presidente da Argentina,
Eduardo Duhalde, cedeu às pressões do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) e da Justiça e decidiu mudar a fórmula de disputa
da eleição presidencial de março.
Duhalde deveria assinar o decreto que reformularia as regras
eleitorais na noite de ontem, após
o fechamento desta edição, segundo o secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández.
O chefe de gabinete, Alfredo
Atanasof, informou que o novo
decreto deve adiar a eleição prévia
para a escolha dos candidatos de
cada partido, inicialmente marcada para 24 de novembro. A nova
data seria 15 de dezembro. A eleição presidencial, no entanto, fica
mantida para 30 de março.
O novo decreto atende a Menem e à Justiça porque deve restringir a participação de filiados
partidários nas prévias. De acordo com a fórmula original proposta por Duhalde, toda a população poderia participar das prévias
e não havia impedimentos para
que um filiado da UCR (União Cívica Radical) pudesse escolher o
candidato do PJ (Partido Justicialista), por exemplo.
Por isso, diversos pré-candidatos, liderados por Menem, afirmavam que poderia haver distorções nos resultados e vinham
pressionado o governo pela alteração. Duhalde tentou inicialmente ignorar as pressões, mas
percebeu que seria obrigado a recuar na última sexta-feira, quando o juiz federal Abel Cornejo declarou inconstitucional a proposta governista por sua "falta de
transparência".
Menem, que considerava o antigo decreto eleitoral "uma aberração", disse se sentir vitorioso com
o recuo do governo e garantiu que
vai participar das eleições prévias
do PJ como candidato.
Apesar das diversas disputas
políticas em torno da fórmula de
disputa, os eleitores não têm mostrado interesse em participar da
escolha dos candidatos dos partidos. A participação nas prévias
não é obrigatória. Segundo pesquisa da consultoria Mori-Argentina, 55% dos argentinos não pretendem votar e outros 33% disseram que não sabem se participarão do processo.
O desinteresse mostra o alto
grau de descontentamento com a
classe política, em um país em que
21,5% dos trabalhadores não têm
emprego e 53% das pessoas vivem
abaixo da linha da pobreza.
Nas eleições legislativas de outubro de 2001, a porcentagem de
argentinos que votaram em branco ou não compareceram às urnas como forma de protesto contra a crise chegou a 40% em algumas Províncias.
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