São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

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Em sete anos, UE terá mais mortes do que nascimentos

Estudo indica imigração como única maneira de frear redução populacional no bloco

Segundo projeção, em 2060, população maior de 65 anos atingirá 30%, e haverá só dois trabalhadores para cada aposentado na zona

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

Enquanto endurece as restrições à entrada de imigrantes, a Europa vê o crescimento de sua população caminhar rumo à estagnação. De acordo com um estudo divulgado ontem, em sete anos, o número de mortes nos 27 países da União Européia passará o de nascimentos.
Isso significa que, a partir de 2015, a imigração passará a ser o único fator de crescimento populacional do bloco, indica a projeção do Eurostat, o escritório de estatísticas da UE. Uma das previsões mais surpreendentes é sobre o encolhimento da Alemanha, que até 2060 terá quase 12 milhões de pessoas a menos do que hoje, perdendo a posição de maior população do bloco para o Reino Unido.
O estudo confirma ainda que o envelhecimento da população européia observado nas últimas três décadas continuará, com inevitáveis conseqüências sociais. Especialistas alertam há anos para a "bomba-relógio" que isso representa para os sistemas previdenciários. A persistir a tendência atual, em 2060 haverá na Europa apenas dois trabalhadores para cada aposentado, metade da proporção registrada hoje.
A previsão do Eurostat é de que a porcentagem atual de pessoas acima de 65 anos, de 17,1%, quase dobrará até 2060, chegando a 30%. A população com mais de 80 anos praticamente triplicará no mesmo período, passando de 22 milhões (4,4%) para 61 milhões (12,1%).
Para Andres Vikat, chefe da unidade de demografia da Comissão Econômica para a Europa, órgão da ONU em Genebra, é inevitável que a busca de soluções para o encolhimento da população economicamente ativa envolva a absorção de imigrantes. Isso ainda não acontece, diz ele, porque o tema da imigração continua extremamente politizado.
"Os governos não podem conter o envelhecimento da população, mas podem restringir a imigração", disse Vikat à Folha, em referência ao endurecimento das normas de entrada de imigrantes aprovadas pelo Parlamento Europeu.
Ele diz que em algum momento imigração e demografia se juntarão no debate político europeu, mas que a tendência é que as políticas preferidas sejam as de incentivo à chegada de estrangeiros qualificados, não uma liberalização geral. Outra saída para aliviar o peso sobre a Previdência, observa Vikat, é prolongar a vida ativa dos trabalhadores europeus, que em alguns setores podem se aposentar com 50 anos.
Pelas projeções do Eurostat, a médio prazo a população total da UE continuará crescendo, dos 495 mihões atuais para 521 milhões em 2035. A partir daí sofrerá um declínio, chegando a 506 milhões em 2060.
Dos 27 países do bloco, 13 terão aumento populacional até 2060, contra 14 que passarão pelo processo oposto.


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