São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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EUA e Reino Unido chegam a acordo

DA REDAÇÃO

EUA e o Reino Unido chegaram ontem a um acordo sobre o texto de uma nova resolução contra o Iraque a ser submetida à aprovação do Conselho de Segurança (CS) da ONU, disse o secretário de Estado americano, Colin Powell. Washington pressiona os outros quatro países com direito a veto no CS (Reino Unido, França, Rússia e China) a votar uma resolução com forte terminologia.
Embora os detalhes não tenham sido revelados, o documento deve acusar Bagdá de desrespeitar determinações da ONU, exigir que o país permita inspeções irrestritas de seus arsenais de destruição em massa e autorizar o uso da força militar se o ditador Saddam Hussein não cooperar totalmente.
A diplomacia britânica tentava nos últimos dias amenizar a posição da Casa Branca. O premiê Tony Blair buscava convencer o presidente dos EUA, George W. Bush, a adotar uma formulação capaz de ser aceita pelo CS.
Uma resolução em termos excessivamente beligerantes seria possivelmente rejeitada pela Rússia, e talvez por França e China -o que poderia provocar decisão unilateral de Washington de atacar o Iraque sem o apoio da ONU.
Declarações feitas ontem pelo presidente russo, Vladimir Putin, trazem indícios de que Moscou vetaria uma resolução nos termos planejados pelos americanos.
A Rússia e outros países contrários à guerra desconfiam que as consultas sobre o tema na ONU seriam apenas uma manobra dos EUA para derrubar Saddam com uma aparência de legalidade e consenso internacional.
"Somos a favor de uma rápida resolução da situação pelos meios políticos e diplomáticos, com base nas resoluções já existentes do CS da ONU e segundo os princípios do direito internacional", disse Putin. E acrescentou: "A decisão de retomar as atividades dos inspetores no Iraque abre a possibilidade para que essa decisão seja posta em prática rapidamente".
Diante de ameaças americanas, Bagdá anunciou na semana passada que aceitaria o retorno dos inspetores de armas da ONU. Os seus trabalhos foram interrompidos em 1998, após o Iraque acusá-los de espionar para os EUA.
O subsecretário de Estado americano para assuntos políticos, Marc Grossman, acompanhado de diplomatas britânicos, iniciou ontem viagem à França e à Rússia, atrás de apoio à resolução. EUA e Reino Unido devem apresentá-la ao CS na próxima semana.
Assim como os russos, franceses e chineses também se opõem à agressiva posição da diplomacia americana, que tenta encurralar os outros membros permanentes do CS com a seguinte ameaça: ou vocês aprovam a resolução que desejamos, ou atacaremos o Iraque sozinhos e ficará comprovada a irrelevância da ONU.
Pequim e Paris defendem um processo em duas etapas. O CS adotaria primeiro uma resolução ameaçando o uso da força caso o Iraque não colabore com os inspetores de armas. Só depois, se Saddam mostrar novamente resistência em cooperar, uma segunda resolução seria aprovada autorizando uma ação militar. "É preciso tentar tudo antes da guerra", disse o premiê francês, Jean-Pierre Raffarin.


Com agências internacionais

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