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VENEZUELA
Oposição terá 4 dias para recolher os 2,5 milhões de assinaturas para pedir a votação sobre o mandato presidencial
Referendo anti-Chávez fica para 2004
DA REDAÇÃO
O Conselho Nacional Eleitoral
venezuelano definiu as regras para a realização do referendo sobre
a continuidade do mandato do
presidente do país, Hugo Chávez,
e determinou que a oposição vai
ter quatro dias para coletar os cerca de 2,5 milhões de assinaturas
que são necessários. O governo
queria que fosse dado só um dia.
As regras foram anunciadas na
madrugada de ontem. A oposição
e o CNE acreditam que o referendo seja realizado no final de fevereiro de 2004. Assim, a Coordenação Democrática (associação dos
principais partidos e organizações opositoras) admitiu que não
há mais chance de a votação ser
ainda neste ano, como insistia.
Se o referendo não for realizado
até completar o quarto ano do
mandato de Chávez, em agosto de
2004, não há eleição para substitui-lo em caso de derrota. Nessa
hipótese, assume o vice, cargo que
não é fixo na Venezuela e cuja indicação cabe ao presidente.
Além de fixar os quatro dias para a coleta das assinaturas de 20%
do eleitorado, o CNE definiu um
cronograma a ser obedecido.
Encaminhado o pedido da oposição para o referendo, o órgão
tem dois dias para anunciar se o
aceita. Caso aprove, tem mais 20
dias para preparar as planilhas de
recolhimento das assinaturas.
Com isso em mãos, a oposição
faz a coleta em quatro dias e devolve as planilhas ao CNE, que
tem um mês para verificar o material entregue. A conferência será
eletrônica. Cada assinatura deverá ser acompanhada do nome do
eleitor e de sua impressão digital
-esse último item era exigência
do governo. Se tudo estiver certo,
o órgão publica um informe e começa a contar um prazo de 97
dias para realizar o referendo.
A oposição se mostrou otimista
com as regras que foram fixadas.
O vice-presidente venezuelano,
José Vicente Rangel, também avaliou que a definição facilita o caminho para a consulta popular.
"Significa que, na Venezuela,
podemos nos entender. Esse regulamento é um sinal positivo da
política do país", disse Rangel à
TV estatal, em ato de apoio ao governo no sudeste venezuelano.
Até a noite, era a única reação oficial ao que foi decidido pelo CNE.
"Estamos otimistas, apesar de
que não está previsto tudo o que
queríamos no regulamento", afirmou o governador de Miranda,
Enrique Mendoza, que é da Coordenação Democrática. "Teremos
referendo no final de fevereiro."
Ele também previu que as novas
assinaturas sejam coletadas entre
o final de outubro e o início de novembro. O recolhimento que estava marcado para o próximo dia
5, portanto, não vai mais ocorrer.
O CNE já havia recusado neste
mês o primeiro pedido de referendo feito pela oposição, ao avaliar que os 3,2 milhões de assinaturas apresentados foram recolhidos antes de o marco legal da metade do mandato de Chávez ter sido atingido, em agosto último.
A definição dos integrantes do
conselho também já havia sido
problemática. O Supremo Tribunal de Justiça teve de intervir e nomear os membros, depois que a
Assembléia Nacional não chegou
a um acordo sobre as indicações.
Para que o presidente tenha seu
mandato revogado, serão necessários mais que os 3,76 milhões de
votos (59% do total) recebidos
por ele em 2000, ao se reeleger.
A crise política na Venezuela se
agravou no ano passado, quando
Chávez foi vítima de um golpe e
enfrentou uma greve geral que
começou em dezembro e só acabou em fevereiro deste ano.
Com agências internacionais
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