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SUCESSÃO NOS EUA / CONFRONTO DIRETO
Iraque e Afeganistão concentram discussão
McCain sai-se melhor que rival no tema política externa; assuntos-chave acabam eclipsados por guerras impopulares
Questão que devia ser foco
de debate acaba apagada;
republicano leva democrata
a declarar várias vezes que
concordava com sua opinião
DO ENVIADO A OXFORD (MISSISSIPPI)
A idéia era aproveitar o primeiro encontro entre Barack
Obama e John McCain para
discutir a política externa dos
EUA, o tema oficial da noite
-mas que apareceu somente
aos 40 minutos de um debate
de pouco mais de hora e meia.
Os dois impopulares conflitos pelos quais passa o país, no
entanto, dominaram a discussão, em que outras questões
cruciais como Irã, Paquistão e o
papel dos EUA no mundo apareceram apenas lateralmente.
"Esta é uma área em que eu e
o senador McCain temos uma
diferença fundamental, pois eu
acho que a primeira questão é
se deveríamos ou não ter ido [à
guerra] em primeiro lugar", começou Obama sobre o Iraque.
McCain sugeriu que essa discussão era menor. "O próximo
presidente terá de decidir como sairemos, quando sairemos
e o que deixamos para trás."
O veterano senador republicano, se aproveitou de sua desenvoltura maior no assunto e
mais de uma vez arrancou a frase "Eu concordo com John"
-repetida sucessivamente por
Barack Obama ao longo do embate. O expediente parecia confirmar a principal acusação feita pela campanha do republicano, de que o jovem senador democrata não tem experiência
suficiente em política externa.
2003 versus 2007
"O senador Obama disse que
a escalada [ordenada por Bush
no ano passado, à qual é creditada parte da diminuição da
violência no conflito] poderia
não funcionar, disse que aumentaria a violência sectarista,
disse que estava fadada ao fracasso", elencou McCain. "Recentemente, num programa de
TV, ele disse que [o sucesso] excedia suas expectativas."
"Incrivelmente, o senador
Obama não foi ao Iraque por
900 dias e nunca pediu um encontro com o general Petraeus", continuou McCain.
"Ele é presidente do comitê sobre a Otan no Afeganistão e
nunca convocou uma reunião."
Obama defendeu-se dizendo
ao sugerir que sua escolha para
companheiro de chapa, o veterano senador Joe Biden, um
dos democratas mais experientes em política externa, de alguma forma supria sua falha
-embora não diretamente.
Sobre o Iraque, rebateu:
"John, você quer fingir que a
guerra começou em 2007? A
guerra começou em 2003, e,
quando começou, você disse
que ia ser rápido e fácil."
Na seqüência, o democrata
afirmou que o conflito só desviou verba e homens do que interessava, que é o do Afeganistão. O bate-boca abriu espaço
para um dos momentos mais
constrangedores do debate, em
que os dois concorrentes citaram pulseiras que ganharam de
pais de soldados mortos nas
guerras, numa espécie de concurso de quem se importava
mais com as baixas militares.
Por fim, outras questões de
política externa encontraram
espaço. Sobre o Paquistão,
Obama disse que seria preciso
lidar com país, que abrigava a
Al Qaeda e o Taleban.
McCain contra-atacou citando o ex-secretário de Estado
George Shultz: "Se você vai
apontar o revólver, esteja preparado para puxar o gatilho."
Já sobre a Rússia, envolvida
recentemente em conflito com
a Geórgia, McCain voltou a criticar Moscou, ligando a questão
aos interesses energéticos na
região. Obama acabou endurecendo sua posição inicial. "Temos que deixar claro à Rússia
que não se pode ser uma potência do século 21 e agir como
uma ditadura do século 20."
(SÉRGIO DÁVILA)
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