São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

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Frente Ampla fica perto de manter maioria

DA ENVIADA A MONTEVIDÉU

A nova composição do Congresso uruguaio permanece indefinida após as eleições do último domingo, com tendência de a esquerdista Frente Ampla, do presidente Tabaré Vázquez e do candidato José Mujica, manter a maioria nas duas Casas legislativas.
A maioria depende da contagem final dos chamados "votos observados". São votos dados por fiscais dos partidos e mesários que, impedidos pelo trabalho de se deslocarem até suas zonas eleitorais, depositaram o voto em outras seções. A validação desses votos depende da ratificação da Corte Eleitoral. Há cerca de 32 mil "votos observados" a serem ainda analisados e computados.
Pelo sistema eleitoral uruguaio, o eleitor vota em listas partidárias, portanto, no mesmo partido para presidente e legisladores. No entanto, a forma de cálculo dos votos é diferente. No caso do presidente, a vitória se dá por maioria absoluta -contam-se todos os votos emitidos, incluindo brancos e nulos. Para ganhar em primeiro turno, um candidato deve obter 50% mais um dos votos.
Para a composição do Congresso são contabilizados apenas os votos válidos, descartando-se do cálculo que definirá a proporção de cada partido no Congresso os votos brancos e nulos.
A Câmara de Deputados uruguaia tem 99 cadeiras, e o Senado, 30. Nas eleições de 2004, a Frente Ampla obteve maioria absoluta -52 deputados e 16 senadores. Como o vice-presidente da República acumula a Presidência do Senado, os votos governistas na casa chegavam a 17.
Nestas eleições, a Frente Ampla já garantiu 15 assentos no Senado e 49 na Câmara. Em ambos os casos, está a um congressista da maioria absoluta, que pode obter após a contagem dos "votos observados".
No governo Vázquez, os partidos de oposição acusaram o Executivo de neutralizá-los, usufruindo de sua maioria absoluta para se recusar a negociar. Na véspera do encerramento da campanha, Mujica propôs um pacto multipartidário em temas essenciais -a oposição recusou, por interpretar o gesto como uma jogada eleitoral, e não uma intenção verdadeira.

Plebiscitos
Paralelamente às eleições presidencial e legislativa, o Uruguai realizou dois plebiscitos no último domingo, ambos impulsionados com o apoio da Frente Ampla e com resultado negativo para o partido.
O plebiscito que propunha a anulação da lei de anistia de 1987 a militares que cometeram crimes durante a ditadura (1973-1985) foi rejeitado por 52,64% do eleitorado.
A proposta de autorizar o voto por correspondência do eleitor uruguaio residente no exterior teve o rechaço de 63% dos votantes.
Mujica avaliou que "a causa fundamental desse resultado" foi o fato de "os plebiscitos terem ficado ofuscados pela disputa política [pela Presidência], além de uma certa confusão no marco das ideias sobre o voto no exterior".

Leia coluna de Clóvis Rossi sobre eleições uruguaias

www.folha.com.br/092996


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