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Frente Ampla fica perto de manter maioria
DA ENVIADA A MONTEVIDÉU
A nova composição do Congresso uruguaio permanece indefinida após as eleições do último domingo, com tendência
de a esquerdista Frente Ampla,
do presidente Tabaré Vázquez
e do candidato José Mujica,
manter a maioria nas duas Casas legislativas.
A maioria depende da contagem final dos chamados "votos
observados". São votos dados
por fiscais dos partidos e mesários que, impedidos pelo trabalho de se deslocarem até suas
zonas eleitorais, depositaram o
voto em outras seções. A validação desses votos depende da
ratificação da Corte Eleitoral.
Há cerca de 32 mil "votos observados" a serem ainda analisados e computados.
Pelo sistema eleitoral uruguaio, o eleitor vota em listas
partidárias, portanto, no mesmo partido para presidente e
legisladores. No entanto, a forma de cálculo dos votos é diferente. No caso do presidente, a
vitória se dá por maioria absoluta -contam-se todos os votos
emitidos, incluindo brancos e
nulos. Para ganhar em primeiro turno, um candidato deve
obter 50% mais um dos votos.
Para a composição do Congresso são contabilizados apenas os votos válidos, descartando-se do cálculo que definirá a
proporção de cada partido no
Congresso os votos brancos e
nulos.
A Câmara de Deputados uruguaia tem 99 cadeiras, e o Senado, 30. Nas eleições de 2004, a
Frente Ampla obteve maioria
absoluta -52 deputados e 16
senadores. Como o vice-presidente da República acumula a
Presidência do Senado, os votos governistas na casa chegavam a 17.
Nestas eleições, a Frente
Ampla já garantiu 15 assentos
no Senado e 49 na Câmara. Em
ambos os casos, está a um congressista da maioria absoluta,
que pode obter após a contagem dos "votos observados".
No governo Vázquez, os partidos de oposição acusaram o
Executivo de neutralizá-los,
usufruindo de sua maioria absoluta para se recusar a negociar. Na véspera do encerramento da campanha, Mujica
propôs um pacto multipartidário em temas essenciais -a
oposição recusou, por interpretar o gesto como uma jogada
eleitoral, e não uma intenção
verdadeira.
Plebiscitos
Paralelamente às eleições
presidencial e legislativa, o
Uruguai realizou dois plebiscitos no último domingo, ambos
impulsionados com o apoio da
Frente Ampla e com resultado
negativo para o partido.
O plebiscito que propunha a
anulação da lei de anistia de
1987 a militares que cometeram crimes durante a ditadura
(1973-1985) foi rejeitado por
52,64% do eleitorado.
A proposta de autorizar o voto por correspondência do eleitor uruguaio residente no exterior teve o rechaço de 63% dos
votantes.
Mujica avaliou que "a causa
fundamental desse resultado"
foi o fato de "os plebiscitos terem ficado ofuscados pela disputa política [pela Presidência], além de uma certa confusão no marco das ideias sobre o
voto no exterior".
Leia coluna de Clóvis Rossi
sobre eleições uruguaias
www.folha.com.br/092996
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