São Paulo, terça-feira, 27 de outubro de 2009

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Diplomata-chefe para região vai ser enviado pelos EUA a Honduras

Thomas Shannon chegará amanhã a Tegucigalpa para tentar resolver impasse em negociações

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA

Os Estados Unidos enviarão amanhã a Honduras o secretário-assistente para o hemisfério Ocidental, Thomas Shannon, para pressionar o governo interino, de Roberto Micheletti, a assinar um acordo para a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya, segundo fontes diplomáticas da OEA (Organização dos Estados Americanos) em Washington.
A chegada do principal diplomata dos EUA para a América Latina faz parte de uma ofensiva diplomática para destravar as negociações entre os dois lados, interrompidas formalmente na sexta-feira. Hoje, também aterrissa em Tegucigalpa o boliviano Victor Rico, secretário de Assuntos Políticos da OEA. Ele substitui o chileno John Biehl, enviado da entidade que na sexta-feira pressionou Zelaya a renunciar junto com Micheletti.
A pressão de Biehl, classificada de "ofensiva" por Zelaya, contradiz com a linha da OEA, que exige a restituição do presidente deposto em 28 de junho. O chileno deixou Honduras no fim de semana -oficialmente, a sua substituição ocorreu porque ele tinha de se ausentar do país por problemas familiares.
O anúncio do envio da missão americana, feita pela secretária de Estado, Hillary Clinton, em telefonemas a Zelaya e Micheletti, provocou a retomada das negociações, ainda que de maneira informal. Anteontem à noite, os delegados de Zelaya se reuniram com ele na embaixada brasileira com uma nova proposta do governo interino, mas o seu conteúdo não foi divulgado.
Fontes diplomáticas que acompanham as negociações acreditam que um acordo possa sair ainda hoje, para que seja caracterizado como uma negociação "autóctone", alcançada antes da vinda da comitiva americana.
O impasse gira em torno de que instância teria a incumbência de analisar um eventual acordo. Micheletti quer que seja a Corte Suprema, que já negou a restituição de Zelaya, em decisão tomada em agosto.
Zelaya prefere o Congresso, onde mais da metade dos deputados está disputando a reeleição em 29 de novembro. O presidente deposto prevê que sua volta seria aprovada ali, já que os parlamentares temem que o pleito, que também escolherá o novo presidente, não seja reconhecido pela comunidade internacional. Caso um acordo seja alcançado nesta semana, deve chegar na sexta a Tegucigalpa o secretário-geral da OEA, o também chileno José Miguel Insulza.

Sobrinho de Micheletti
Enzo Micheletti, 24, sobrinho do presidente interino, foi morto a tiros anteontem, informou a polícia. O jovem, que não tem envolvimento político, foi encontrado com tiros no peito e na cabeça e com mãos amarradas. Ninguém foi preso, mas a polícia descartou inicialmente que o crime esteja ligado à crise política do país.

Colaborou SÉRGIO DÁVILA, de Washington



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